Lá se vão vinte anos desde que Mogwai Young Team, a estreia do grupo escocês Mogwai, veio ao mundo. Pioneiro na arte do Post-Rock, o grupo – recentemente transformado em quarteto – avançou pelas décadas evocando movimentos cósmicos com sua música majoritariamente instrumental.
Every Country’s Sun é um álbum que pretende falar por si mesmo, diferentemente das trilhas sonoras que o grupo tem elaborado nos últimos anos. A ausência de um propósito definido é marcante pois, de um lado, a banda soa mais relaxada e despretensiosa enquanto, de outro, pouco faz para escapar àquilo que já havíamos ouvido em seus álbuns anteriores.
O trabalho parece evocar um tensão mundial de ares apocalípticos. Na capa, um sol negro estampa o céu avermelhado da crise mundial. Um eclipse passa pelos Estados Unidos. Charlottesville vem à mente. Os três furacões que avançam pelo Atlântico vêm à mente. A Coreia do Norte, que explodiu uma bomba de hidrogênio, vêm à mente. Este é um cenário que, assim como o predecessor Atomic (2016), serve muito bem à música de Mogwai, evocativa e bipolar, intercalando momentos de calmaria a outros de catarse emocional.
Every Country’s Sun sintoniza demoradamente o ouvinte na mesma frequência da banda, e quando o faz, parecemos transportados diretamente para os anos 2000 guiados pela massa espessa e enguitarrada do grupo. Alguns momentos se destacam no álbum – Coolverine, 20 Size e Don´t Believe the Fife são bons pontos de referência para aqueles que querem se aventurar dentro dele – mas, em geral, a música de Mogwai permanece um caldo coeso, fiel ao estilo musical que ajudou a construir há uma geração.
(Every Country’s Sun em uma música: Don´t Believe the Fife)
