Resenhas

Moses Sumney – Aromanticism

Obra bastante sentimental envolve o ouvinte em crônica sobre o amor em nossos tempos

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Ano: 2017
Selo: Jagjaguwar
# Faixas: 11
Estilos: Soul, Folk, Experimental
Duração: 34'
Nota: 4.0

O romance em nossos dias é exposto, debatido e interpretado por Moses Sumney em seu álbum de estreia, Aromanticism – trabalho que chega mais como uma coletânea de músicas que o artista norte-americano criado em Gana já havia mostrado, com o amparo de uma ou outra inédita e algumas vinhetas que dão uma liga narrativa ao todo.

Passada a pequena frustração de constatar que já conhece quase todas as faixas, o ouvinte é deixado com um disco bastante emocional e relevante em forma e conteúdo, visto que seu teor Experimental (ou seja, a liberdade criativa de fazer algo diferente do padrão) faz questão de agir em função da mensagem da obra, e toda sua atmosfera (o conjunto de timbres e de seus volumes e como eles combinam com o vocal) é mais do que o meio pelo qual a poesia acontece, sendo ela própria personagem na trama.

Aromanticism expressa insegurança, fragilidade e o desconforto da exposição e da vulnerabilidade, criando uma metafórica nudez do artista que pode ser ouvida em cada faixa, esteja ele diante de um conflito em uma relação (Quarrel), do desejo de intimidade (Make Out in My Car) ou da vontade de ter algum controle sobre a situação (Don’t Bother Calling).

O que mais fica da audição, porém, é justamente o desgoverno das emoções e dos sentimentos frente a alguém ou à sua ausência. O medo da solidão é, talvez, o que alimenta as decisões de ir em direção de uma pessoa, assim como o temer a rejeição cause a vontade de terminar algo antes que comece de fato, para não correr esse risco.

Moses Sumney dá conta de tudo isso ao longo das onze faixas para além dos versos. Quando ouvimos Lonely World, Doomed ou Indulge Me, entramos em sua poesia pela soma de todos os fatores, e impressiona o quanto o artista soube compor e colocar cada elemento em seu devido lugar em função do impacto no ouvinte. Não é difícil perceber que estamos diante de um trabalho de enorme sensibilidade, primor e relevância.

(Aromanticism em uma música: Doomed)

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BOM PARA QUEM OUVE: Frank Ocean, Bon Iver, James Blake
ARTISTA: Moses Sumney
MARCADORES: Experimental, Folk, Ouça, Soul

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.