Resenhas

Muna – Muna

Recheado de synths e harmonias vocais, terceiro disco – e estreia independente – do trio americano oferece canções tão boas quanto relevantes

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Ano: 2022
Selo: Saddest Factory Records/Dead Oceans
# Faixas: 11
Estilos: Indie Pop, Synthpop
Duração: 39'
Produção: Muna

“That’s what I want/ There’s nothing wrong with what I want”, diz o refrão de “What I Want”, o single que a banda Muna escolheu para contar que seu terceiro álbum, também chamado Muna, havia sido lançado. Enquanto a faixa comunica o clima de synths e harmonias vocais que domina o disco, ela também expressa o desejo de liberdade com que a obra foi feita.

Este é o primeiro lançamento do trio após sua saída da major RCA, agora sob contrato com o selo Saddest Factory Records, fundado por Phoebe Bridgers. Ela participa de “Silk Chiffon”, faixa que abre o disco, como se desse as boas-vindas não só ao ouvinte, mas também às integrantes do grupo, que agora são parte de sua família.

Passada essa música, “What I Want” apresenta a energia que marca a audição do disco. Ao contrário da leveza romântica e pop da faixa anterior, é a vibe sintetizada e noturna que define a cara do álbum como um todo. A deliciosa “Home by Now”, a levada oitentista de “Solid” e o punch no refrão de “Runner’s High” acompanham muito bem o hit “Anything But Me” nessa intenção estética, que, por sua vez, adiciona volume e intensidade à mensagem empoderada da banda.

Vale ressaltar que Muna encontra um mundo, nesses meados de 2022, naturalmente aberto à obra por dois motivos principais. O primeiro é a busca por narrativas como as apresentadas aqui (principalmente, devo repetir, no single “What I Want”), que expressam a liberdade feminina em suas diversas frentes, incluindo a de tomar as rédeas da própria vida e de seus corpos. E o segundo – que ninguém poderia prever –é o que Stranger Things causou ao resgatar Kate Bush para as novas gerações, e quem está ouvindo “Running Up the Hill” no repeat vai gostar de emendar a audição em “Anything But Me”.

A balada “Kind of Girl” (de uma levada folk rock que lembra, não por acaso, Phoebe Bridgers e afins) ajuda a reforçar a visão de dialogar com narrativas femininas tanto que Muna quanto o selo querem propor, e faixas como “Loose Garment” trazem uma ambientação sempre simpática na transição entre os diferentes caminhos do disco.

Por isso, Muna é uma obra sempre equilibrada na audição, com vários pontos altos ao longo de um repertório que aproveita a maturidade de uma banda que chega ao seu terceiro disco. Um lançamento preparadíssimo para playlists e demais viralizações, mas, ainda que não fosse, poderia manter a cabeça erguida ao nos oferecer músicas tão boas quanto relevantes.

(Muna em uma faixa: “What I Want”)

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ARTISTA: Muna

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.