Resenhas

Muse – The 2nd Law

Com um bom disco, mas com uma grandiosidade além de suas possibilidades, a banda falha ao tentar criar um disco que revolucionaria a história do Rock

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Ano: 2012
Selo: Helium 3, Warner
# Faixas: 13
Estilos: Rock Alternativo, New Prog
Duração: 38:45
Nota: 3.0
Produção: Muse

“Nós somos definidos pelo fato de ninguém poder nos definir” – essa frase, dita por Matt Bellamy em uma entrevista concedida pouco tempo antes do lançamento de The 2nd Law, por mais arrogante que possa parecer, faz total sentido ao ouvir este disco ou ao olhar para carreira do trio, que já experimentou com tanta coisa em seus cinco discos anteriores. E, em seu sexto, não seria diferente, pois a espinha dorsal roqueira do Muse é feita para suportar o peso de outros tantos estilos e ganhar essa característica “indefinível”. Então, aqui, além do peso habitual do Rock, a banda traz alguns elementos como Dubstep, Funk e Synthpop, além do fundo conceitual que tenta amarrar as faixas da obra.

Aos mais atentos, a explicação desta obra veio logo em seu primeiro single, The 2nd Law: Unsustainable, que chocou tanto as pessoas pela presença do Dubstep, que as fez não perceber a mensagem que ela trazia. O nome do álbum vem do conceito de entropia, segunda lei da termodinâmica, que é mostrada nessa canção como uma analogia à sociedade e constante o “desperdício de energia” dela. Mas a referência ao conceito físico não se refere a um contexto político ou de recursos naturais, mas a uma visão mais individual.

Uma implicação da teoria de entropia é o caos, e vemos muito dele por aqui. A “desordem” proposital do álbum lhe deixa de certa forma esquizofrênico e, se por um lado ele não cansa o ouvinte por bater sempre na mesma tecla, o deixa exausto por bater em várias ao mesmo tempo. Um bom exemplo disso é a faixa de abertura, Supremacy, que tem um quê de Kashimir, do Led Zeppelin, e mais um tanto das primeiras obras do Queen (que você vai notar como principal inspiração em várias outras). As canções seguintes também se mostram tão esparsas quanto essa – Madness tem um toque do Post-Dubstep e mais uma vez uma ecoa influências de Queen, principalmente nos vocais de Bellamy e nos coros, e Panic Station parece ter sido tirada do Mother’s Milk (Red Hot Chili Peppers) e remixada para se encaixar em cenário atual.

Durante todo o álbum, você vai encontrar referências a grandes obras roqueiras do passado com toques de “novidade” dados pela roupagem EDM da obra. Como Big Freeze e sua vibe U2, Animals trazendo um pouco das novas obras do Radiohead e a super melodramática Survival trazendo ecos do metal de bandas como Slayer. Então dá pra entender por que à primeira vista ele é tão apelativo com o público, porém nada aqui é original, ou, como a banda clamou antes de lançamento do disco, revolucionário.

O disco não é ruim, mas falha ao tentar atingir uma grandeza extrema proposta pelos primeiros singles e pela própria banda, que disse que esse seria um disco que revolucionaria a história do Rock. No fim das contas, The 2nd Law poderia ser descrito como um disco de Rock Progressivo que foi enterrado nos anos 80 e que ficou perdido por todo esse tempo até ser encontrado e remixado por um produtor de música eletrônica que adicionou ao álbum elementos de orquestra e, obviamente, eletrônicos, como o Dubstep (que na verdade aparece em poucas faixas e serviu só como uma forma de promoção do disco). E essa grandiosidade forçada e a proposta “revolucionária” são dois pontos que, ao mesmo tempo em que podem atrair o público, podem também o espantar.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Killers, Queen, Kasabian
ARTISTA: Muse

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts