Nana tem 22 anos, é baiana e dona de uma bela voz . Com dois anos de carreira, ela já participou de tributos ao Raça Negra e ao Los Hermanos, além ter versões interessantes de gente como Pink Floyd e Alceu Valença em coletâneas e especiais pelos quatro cantos da grande rede. A moça também toca piano, teclados e escaleta , compõe letra, música e, ao longo do percurso de 13 canções confessionais e delicadas, sai-se bem na missão de mostrar os caminhos de seu primeiro disco, Pequenas Margaridas, o qual também produziu.
Sua música segue uma tradição de delicadeza retrô que vem de longe no pop mundial, e que, recentemente, é levada à frente por gente como os escoceses do Camera Obscura, os ingleses do Clientele e pelo duo americano She And Him. Em terras nacionais, essa seara já foi visitada por sujeitos como os paranaenses do Wonkavision e Mallu Magalhães. O fato que explica a distinção de Nana em relação aos outros exemplos pátrios reside na quantidade de detalhes que sua música apresenta. Sempre há um som discreto aqui, uma boa sacada ali, demonstrando sua preocupação com os arranjos e o zelo por um contorno mais artístico que o padrão atual. Talvez isso venha das aulas de composição musical na UFBA, talvez seja intuitivo, mas Nana encontra boas soluções musicais em sua economia de composição no teclado do quarto,
Saltam aos ouvidos os bons momentos como I Can’t Fall In Love ou na abertura com Montanha Russa, que se inicia com uma emulação de batida funk, logo englobada por uma atmosfera Amélie Poulain de realejo e órgão. O disco pende para a “fofura” indiscriminada e para o indie bossa, dois predicados desaconselháveis nos dias de hoje. Nana consegue escapar em detalhes como o arranjo de valsa para Benjamin ou na grudenta “Expressionismo Alemão”, a preferida deste escriba, que é uma adorável hipérbole sonora, com poucos acordes e atmosfera brejeira.
Nana mostra potencial e personalidade para mais e deve ousar no próximo disco, principalmente em busca de novos timbres e boas sacadas instrumentais. Seu Pequenas Margaridas um bom cartão de visitas, com credenciais apresentadas para quem quiser ouvir.