Resenhas

New Order – Live At Bestival 2012

Empolgante registro ao vivo da banda mostra que a banda ainda está na ativa

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Ano: 2013
# Faixas: 13
Estilos: Alternative, Indie Rock
Duração: 72:13
Nota: 4.5

A essa altura do campeonato pop, o New Order não precisa provar nada para ninguém. A banda “terminou” há alguns anos, mas retornou na temporada européia de festivais em 2012, fazendo uma série de apresentações legais. Uma delas foi capturada para ser lançada como disco, mas a coisa não é tão simples assim.

Live At Bestival 2012 é um disco beneficente. A ideia é angariar fundos para uma instituição chamada The Isle Of Wight Youth Trust, mas, em se tratando de New Order, o resultado está longe de passar por adjetivos como “burocrático”, “lento”, “sem graça”. O show do Bestival 2012 foi o último da temporada de festivais e os integrantes da banda, especialmente o vocalista Bernard Sumner, apontam justamente essa apresentação como a melhor que o grupo fez em 2012. Desse jeito só nos resta ouvir com muita atenção.

Uma olhada no setlist de setenta e dois minutos, distribuídos em 13 músicas, já deixa um gosto de quero mais, só que, a exemplo de todo e qualquer festival do planeta, não é sempre que dá para fazer apresentações eternas e o New Order tem o mérito de permanecer no palco o tempo exato para o disco ser praticamente perfeito. Há um passeio pela história da banda, sem qualquer excesso ou omissão, partindo da climática Elegia, faixa instrumental de Low Life (1985), engatando na enguitarrada Regret, contida originalmente em Republic, de 1993. A partir daí, a terceira canção exalta as origens mais remotas do New Order, quando 3/4 de seus integrantes faziam parte de uma formação chamada Joy Division. Isolation surge soberana, com batidas angulares, sem a angústia do original – claro, isso seria impossível – mas forte o bastante para lembrarmos que nem sempre tudo foi tão dançante e polido e que um mar de angústia pavimenta a história desses sujeitos. Krafty, de 2005, surge bem mais encorpada ao vivo, enquanto a produção dos Chemical Brothers para a banda em 2002, Here To Stay, surpreende pela presença na lista. O maior sucesso da banda, Bizarre Love Triangle surge numa versão energética, mas que poderia contar com vocais melhores.

Daí em diante, vem 586, uma pequena pepita de ouro, resgatada do excelente Power, Corruption And Lies, de 1982, e uma sequência arrasa-quarteirão, formada por The Perfect Kiss, True Faith, Blue Monday, Temptation e o bis totalmente evocativo do Joy Division, com Transmission e uma protocolar-mas-sensacional Love Will Tear Us Apart. Bestival 2012 mantem a qualidade e a tradição dos outros discos ao vivo do New Order, a saber, Live At London Troxy (2011) e BBC Radio 1 Live In Concert (1992). Sem contra-indicações.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.