A onda de movimentos revival e de redescobertas de ritmos e sonoridades do passado nunca foi tão forte quanto agora. Existem muitos artistas que se inspiram e resgatam muito das décadas passadas e, como um fenômeno amplamente difundido, acabam por ficar batidos e caindo em uma mesmice. Por sorte, este não é o caso de Nick Watherhouse. O jovem californiano pega suas referências dos anos 50, principalmente dos estilos que deram origem ao Rock & Roll e até mesmo um pouco dele pra fazer uma releitura muito interessante e cheia de pessoalidade.
Desde a primeira faixa, Say I Wanna Know, já se vê muito de R&B e Soul que vão acompanhar o músico e suas composições pelo resto do Time’s All Gone. Essa canção, na verdade, consegue resumir e apresentar muito do disco – a voz característica de Nick, os coros femininos ao estilo Soul, os solos de guitarra e os metais se juntam em músicas que te farão dançar ou, pelo menos, seguir o ritmo batendo os pés no chão.
A gravação com aspecto Lo-Fi é proposital, os equipamentos usados na captação e processamento de som foram escolhidos exatamente para dar essa impressão de que o disco veio daquela época. I Can Only Give You Everything mostra isso, através dos metais e da guitarra rasgada que trazem esse ar um pouco mais empoeirado. A faixa seguinte, Raina, faz o mesmo através dos vocais e da bateria.
Is That Clear é uma das faixas mais marcantes e dançantes do álbum, com uma guitarra abafada, piano ritmado e os metais furiosos, a música tem também uma batida bem roqueira e contagiosa – o que lembra bastante o que Chuck Berry, Buddy Holy e Bill Haley faziam. O disco acaba em uma sessão instrumental regada a muito suingue e Rock & Roll: Time’s All Gone Pt. 2, que apresenta um momento furioso da banda em umas das mais dançantes de todo o trabalho.
Em pouco mais de 32 minutos, o disco acaba marcado por momentos de grande frenesi em um revival que foge bastante do que se tem visto por aí. Com um som animado e bem divertido, é um daqueles álbuns para se dançar do começo ao fim.