Resenhas

Noun – Throw Your Body on the Gears and Stop the Machine with Your Blood

Segundo trabalho solo de Marissa Paternoster é sólido e traduz sua personalidade

Loading

Ano: 2015
Selo: Don Giovanni
# Faixas: 10
Estilos: Dream Pop
Duração: 36:02
Nota: 3.5

Embora seja um tema que renda infinitos debates, o Lo-Fi é um dos adventos que mais facilitou a disseminação do sonho de se tornar um músico. Em oposição a um som extremamente trabalhado e minuciosamente executado, essa estética se vale da rapidez, e os elementos mais úteis ao artista são colocados de uma forma quase que jogada, o que para alguns denota certa preguiça e comodismo.

Seja como for, é interessante que nunca tivemos tantas pessoas interessadas em compartilhar sua impressões em forma de composições e somos cada vez mais instigados a explorar as diferenças e possibilidades dentro deste cenário. É no meio dessa confusão toda de baixa fidelidade que Marissa Paternoster, da banda Screaming Females, se sentiu confortável para lançar sua segunda empreitada solo sob o nome Noun.

O maior atrativo de Throw Your Body On The Gears and Stop The Machine With Your Blood é que este é um disco voltado para a maluquice e exentricidade de Marissa e, por isso, é difícil encaixar o registro dentro de algum gênero específico. É exatamente como Grimes se definiu em um entrevista: o artista é o melhor curador das referências que possui. Assim, este segundo trabalho expõe (como se fossem quadros) as mais variadas sonoridades e estruturas.

Às vezes, somos surpreendidos com um Indie Rock cru e pesado, um Folk melancólico e etéreo, ou até mesmo tentativas de produzir um Pop misturado a uma ambientação mais trevosa e sombria (mesmo que, para isso, Marissa explore vários esteriótipos do gêneros). Em todas essas propostas, temos nuances do Lo-fi, às vezes mais sutis, às vezes mais intensas. E assim, revela-se a característica experimental dos projetos solo, que põe tudo do artista à mostra, sem interferências.

Entre músicas genéricas e composições sólidas, Noun não pensa em agradar ninguém. Sua expressão evita etiquetar as coisas, produzindo um trabalho que dispensa gêneros e se mostra como o que realmente é: uma extensão da consciência de Marissa Paternoster. Altamente subjetivo, mas objetivamente um trabalho de uma artista preocupada em se comunicar conosco da maneira mais clara e objetiva possível, mesmo que para isso seja necessário apelar para uma estética dita preguiçosa.

Interessante e investigativo.

Loading

BOM PARA QUEM OUVE: Wolf Alice, Savages, Grimes
ARTISTA: Noun

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique