Resenhas

Oceaán – Oceaán

Cinco faixas levemente variadas cumprem a missão de mostrar o estilo do produtor britânico

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Ano: 2014
# Faixas: 5
Estilos: Eletrônica
Duração: 15:27
Nota: 3.0
Produção: Oceán

Comprometo-me aqui a não cometer dois recursos fáceis demais para falar do som que Oceaán fez em seu EP de estreia. O primeiro é o uso de evitáveis figuras de linguagem marítimas – óbvias demais para um disco chamado Oceaán. A outra é a comparação com James Blake, lugar comum com toda música que brinque com o Post-Dubstep e com efeitos fortes no vocal. Se ele conseguiu fazer uma obra que não se conforma com fórmulas fáceis, eu também não vou.

Oliver Cean, o britânico por trás do projeto, constrói ambientações interessantes a cada uma das cinco faixas deste seu trabalho de estreia. Turned Away faz as vezes de introdução com um “chamado”, como o apito de trem que avisa que ele está para partir da estação. Sua levada é quase Pop, com alguns bons silêncios e vazios entre as camadas e o vocal etéreo. Começou bem.

To Lose vem na sequência como o cair da noite, uma música construída entre sombras e sussurros, com a voz ecoada pela sala. Logo depois Basement surge errática, toda irregular, percorrendo um verdadeiro labirinto em pouco mais de três minutos. Bem no meio do disco, ela acaba sendo também o coração da obra – com uma interessante arritmia, mas pulsante ainda assim.

É aí que surge Need U, a primeira destas faixas a ser lançada. Ela vem pronta para lounges e discotecagens mundo afora, candidata a favoritas de muitos entre as cinco. A conclusiva Your Side vem percussiva e provocativa, com os timbres ofuscando o vocal de propósito, como se a música sintética tentasse romper a fronteira que divide com o elemento mais orgânico da música.

Oceaán, no fim das contas, é um disco que promove uma audição prazerosa que nos lembra que “menos é mais” também na música. Ao invés de entrelinhas, o produtor optou por investir em verdadeiros silêncios que fazem com que o som, por mais passível de comparações que seja, consegue passar o efeito de partículas se perdendo no ar com a propagação.

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BOM PARA QUEM OUVE: James Blake, Four Tet, Burial
ARTISTA: Oceaán

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.