Omni é o resultado da união entre Philip Frobos (vocal e baixo), Frankie Broyles (guitarra e teclado) e Chris Yonker (bateria). Formada em 2011, a banda norte-americana lançou seu primeiro disco de estúdio, Deluxe, somente em 2016, e, desde então, acompanhamos uma evolução gradual na sonoridade do trio, que costuma testar as possibilidades do pós-punk – caminhando entre vertentes mais “cabeçudas” (à la Wire) e ou esquisitas (como Television).
Em seu quarto registro, Souvenir, o grupo de Atlanta traz toques de art pop, a partir de guitarras irrequietas e uma abordagem meticulosa, com uma bateria de energia primitiva, arando um terreno mais contido. O som mais anárquico de outrora dá espaço para um trabalho bem amarrado e angular – ainda coroado por uma produção mais polida (feita pelo pelo engenheiro de som Kristopher Sampson), com sutis acordes de piano e um apuro estético melhor resolvido.
“Exacto”, faixa que não só abre a obra, mas foi apresentada como primeiro single, nos mostra muito do que ouviremos ao decorrer das próximas canções. Um baixo pulsante que se une a linhas retilíneas de guitarra e uma bateria robótica – criando um pano de fundo para uma letra sardônica de amor não correspondido (“From a distance you quite affect me / You’d be surprised / As an object, it’s quite venerating”). São letras que geralmente trazem um inteligente jogo de palavras e criam algo simples, mas distante do óbvio.
Outra novidade aqui é a presença da vocalista Izzy Glaudini (integrante do Automatic), que aparece em canções como “Plastic Pyramid,” “Verdict” e “F1”. Ela constrói uma dinâmica interessante com Frobos, até mesmo fazendo um aceno ao B-52s e a tradição de conversação da new wave – como na irônica “Plastic Pyramid” e sua crítica ao consumismo. “F1” apresenta outra letra incisiva, em que a banda consegue fazer uma brincadeira com como nossas memórias atualmente são enquadradas como fotografias (“You were cropped out of the photo / From that long weekend / Passed out by the pool, overexposed again / How should I frame this?”).
O termo “souvenir” pode se referir tanto aqueles bibelôs/cartões que guardamos de viagens, mas pode ser também um portão para memórias de um ponto específico do tempo-espaço. Souvenir, o disco, parece ter um pouco disso: retratar momentos importantes, mas sem soar necessariamente nostálgico. Mesmo lidando com o pós-punk (gênero que bebe de uma fonte enraizada nos final dos anos 1970), o álbum consegue soar moderno, tanto por absorver sonoridades contemporâneas, quanto por tratar de problemas de nossos dias.
(Souvenir em uma faixa: “Exacto”)