Mike Kinsella é um músico norte americano bastante conhecido no universo do Emo e do Math Rock graça a sua participação pivotal em bandas como American Football e Owls. Em Owen, no entanto, o músico preserva seu espírito Singer-Songwriter e transcende seu contexto musical, encontrando-se na doçura do Folk.
Essa mudança de tom, que acontece quando dois estilos distintos são sobrepostos, é o que há de mais interessante em The King of Whys. As letras, com temas que quase sempre beiram a pieguice, são extremamente confessionais. Dado o seu tom, e observando o background de Kinsella, não fica difícil de imaginá-las em um contexto Emo, evocando uma espécie de desencontro consigo mesmo e de revolta juvenil. Aqui, no entanto, graças a atmosfera gélida do Folk, as músicas parecem ganhar um ar de resignação.
A vibe Americana, tal qual a do “caipira tatuado” Dallas Green, parece ser o pano de fundo deste trabalho. Mas alguns outros fatores contribuem para fazer Owen ser o que é, além dessa mescla entre o Rock e o Folk. Um retiro de 18 dias, em sessões de gravação produzidas por S. Carey, fazem o trabalho ganhar a atmosfera nublada de Bon Iver. A intimidade de suas letras, por sua vez, e o tom adocicado com que são cantadas, acaba por equiparar o projeto a Villagers.
Durante o seu retiro no estúdio, Kinsella diz que, durante a noite, olhava para a imensidão gelada de Wisconsin e, na escuridão, não via nada além de seu proprio reflexo nas janelas. E, com isso, sem querer, acaba por descrever seu novo trabalho: um mergulho nas trevas que acaba por refletir apenas quem ele já é.
(The King of Whys em uma música: A Burning Soul)
