Resenhas

Owls – Two

Grupo volta para matar as saudades dos fãs da mistura do Math Rock com Emo e doses experimentais

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Ano: 2014
Selo: Polyvinyl
# Faixas: 10
Estilos: Math Rock, Experimental, Emo
Duração: 38:56
Nota: 3.5
Produção: Neil Strauch

Sim, isso é uma foto-colagem de Noel GAllagher sangrando pelos olhos enquanto, nos quadrados vizinhos, temos outras colagens, como a de duas “pernas” de salame que encontra um torso de bife. É essa arte gráfica que ilustra expressividade de mais um projeto de Tim Kinsella, Owls. Após um intervalo de dez anos de atividade, e um hiato de treze anos desde o primeiro – e até então único – disco, o quarteto de Illinois volta com seu que mistura experimentalismo com Math Rock e uma levada Emo em Two.

Mantendo o toque “esquisofrênico” do primeiro álbum, a banda apresenta novas faixas para o público que buscava matar saudades tanto deste projeto, como de outros dos irmãos Kinsella, como Joan Of Arc, Make Believe, Cap’n Jazz e Ghosts and Vodka. Com as típicas guitarras agudas – que dão o apelido de “twinklecore/twinkle daddies” às bandas com essa sonoridade – temos as famosas quebras de tempo típicas do Math Rock misturadas com letras com toques confessionais entoadas pelo vocal “torto” de Tim, estilo esse que o próprio irmão Kinsella mais velho ironiza na letra de I’m surprised… (vale ressaltar o curioso fato de que os títulos nada mais são do que as primeiros palavras do primeiro verso de cada faixa, um toque ainda mais humorístico e artístico, por assim dizer). Em tal letra, temos o verso: “I sing like a crooked seahorse”(“Eu canto como um cavalo-marinho torto.”), fazendo uma auto-referência ao seu tom de voz não tão usual ou arredondando.

Ainda nesta canção, vemos referências saudosistas e de uma reflexão de quem se vê crescendo e distante de momentos de infância e adolescência os quais lhe remetem a bom sentimentos e memórias (“I’m surprised it’s true/To have grown up, to become/It’s a man that worries his friends/I carry chocolate with me everywhere (…)In the old theater, going out/Coming, coming out/The old theater” (“Estou surpreso, é verdade/De ter crescido e me tornando/Este homem que se preocupa com seus amigos/Eu carrego comigo chocolate para todos os lugares(…) No velho teatro, saindo/Chegando, saindo/O velho teatro”) e a questão de reflexões introspectivas continuam em outra faixas, como em I Will Never Be…, que retrata as desilusões de carreira criadas na infância (“I’ll never be/ Some scientist, hero, action, wizard” (“Eu nunca serei/Cientista, heroi, soldado, mago”)).

Mesmo de não tão fácil digestão, tal fato não complica a audição do álbum, visto que os fãs de Owls já se estão muito bem ambientados com o formato pelo qual o grupo fazia tão bem em outros projetos e repete agora. E aliás, fãs esses que com certeza estavam com saudades e agora tem um prato – torto, sim – cheio para sanar colocar o papo em dia.

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ARTISTA: Owls
MARCADORES: Emo, Experimental, Math Rock

Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).