Embora seja um dos integrantes fundamentais do fenômeno psicodélico Animal Collective, Noah Lennox mantém um status de respeito também com seu projeto solo Panda Bear. Com um passado marcado por álbuns substanciosos como Person Pitch, fundamental para o Indie dos anos 2000, o músico parece estar seguindo a tendência de sua banda principal ao lançar Buoys, um trabalho mais introspectivo, feito para captar sensações mais efêmeras da música experimental.
A onda aliás, com o perdão do trocadilho, segue a tendência de Tangerine Reef ao propor uma ambientação aquática para o ouvinte. Ao contrário deste, no entanto, Buoys não é um álbum instrumental, mas exibe canções completas de Lennox, que experimenta com samples que simulam gotas de água, o barulho do choro e assim sucessivamente, para tentar emular uma sensação de deriva, induzindo o ouvinte a um momento de relaxamento e descompressão.
De acordo com o próprio músico, Buoys nasce de um “interesse pelas técnicas de produção musical contemporânea, e mantém uma profunda camada de experimentação em sua produção hipermoderna”. Produzido em parceria com Rusty Santos na cidade de Lisboa, Buoys parece deixar claro que a intenção dos músicos aqui é experimentar com técnicas de gravação, ao invés de focar no papel da composição. O resultado se alastra pelas faixas de camada instrumental minimalista, mas quais texturas inusitadas se sobrepõe umas às outras. Sobre elas, o vocal se estica como pode pelos compassos, distorcendo sua entonação para simular a reverberação subaquática.
Embora não tenha a intenção de ser um novo marco da música pop de sua década, Buoys possui momentos que vão cativar os fãs de Lennox, em especial àqueles mais cativos das viagens meditativas que o músico domina tão bem.
(Buoys em uma música: I Know I Don’t Know)
