Resenhas

Parquet Courts – Monastic Living EP

Grupo experimenta com música instrumental em seu primeiro lançamento pelo selo Rough Trade

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Ano: 2015
Selo: Rough Trade
# Faixas: 9
Estilos: Post-Punk, Noise, Instrumental
Duração: 32'
Nota: 2.0

“I don’t want to be called a poet/Don’t want to hang in a museum/Don’t want to be cited, tacked onto your cause/No, no, no/I’m just a man” – essas são algumas das poucas palavras que podem ser ouvidas em Monastic Living, EP de estreia de Parquet Courts no selo Rough Trade. Com nove músicas e pouco mais de meia hora, o grupo escolhe um caminho inusitado para seu primeiro registro em uma grande gravadora, um caminho que contraria as expectativas em cima da banda, mesmo sendo ela conhecida por não exatamente seguir os padrões da indústria vigente com seu seu som errante e por vezes caótico.

Seus lançamentos anteriores (Sunbathing Animal e Tally All The Things That You Broke) são provas disso. Cada um deles segue um caminho propositalmente diferente, mas ainda assim apresenta uma ligação por um estilo particular, algo que poderia ser chamada de assinatura. Para surpresa de muitos, o grupo abdica de tudo isso, de toda a potência de seus refrões, da intensidade de suas melodias e da robustez e urgência de sua música para embarcar em pirações instrumentais. Vow of Silence (“Voto de Silencio”, em português) ocupa o “centro” da lista de faixas e diz muito sobre sobre o compacto, que protesta mesmo sem voz.

Títulos como Elegy of Colonial Suffering, Alms for The Poor, Poverty and Obedience e Prision Conversion conversam entre si e pincelam os temas que a banda pretende adentrar em seu “voto de silêncio”. A inteligência do compacto reside em ser aberto por sua única faixa com voz, letras, melodias, ritmo e um propósito. No, no, no! serve como recado não só dos estar por vir, mas da certa “negação” do que foi feito até então. Um movimento bastante arriscado e que requer bastante coragem. Uma “atitude Punk” que, de forma ou outra, sempre esteve presente na música do grupo.

O problema, porém, é que somente a atitude e o correr riscos não salvam o álbum de ser de certa forma presunçoso. As músicas, assim como os temas, são às vezes inquietantes, brutas e caóticas, mas falham em conseguir entregar uma mensagem plena de suas reais intenções – como o grupo canadense Godspeed You! Black Emperor faz tão bem em suas obras. As oito faixas instrumentais do álbum esbarram em momentos enfadonhos, outros hipnotizantes (Vow of Silence) e outros agregam uma séries de riffs do Post-Punk em um emaranhado de sons sem um propósito evidente. Com ou sem voz, o disco é difícil de se imergir ou mesmo de pegar seu significado em um sentido mais amplo – talvez esse protesto silencioso não passe de uma brincadeira de Andrew Savage e companhia.

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BOM PARA QUEM OUVE: Girl Band, Lower, Sonic Youth

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts