Resenhas

Pélico – Que Isso Fique Entre Nós

O cantor paulistano faz um retrato completo de um divórcio em 16 faixas que passeiam por todos os momentos do processo de se separar de vez de alguém, tudo isso em ótimas canções produzidas por Jesus Sanchez (do Los Pirata)

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Ano: 2011
Selo: YB
# Faixas: 16
Estilos: MPB, Pop, Indie Pop
Duração: 52'
Nota: 4.0
Produção: Jesus Sanchez
Livraria Cultura: 22677989

Tudo aquilo que alguém sente, pensa e faz quando se termina um relacionamento está sinceramente descrito em Que Isso Fique Entre Nós, segundo disco do paulistano Pélico – um dos músicos mais citados como referência por outros artistas e bandas hoje em dia. Com muita sinceridade, ele traça o roteiro da separação que viveu há alguns anos, incluindo todas as variações de humor naturais da situação.

Para cada estado de espírito, do abandono ao alívio, passando pela amargura e pela descrença, o músico exercita sua interpretação criando ambientações únicas para cada canção, sem perder a coesão do álbum em nenhum momento. Fã da música “brega” dos anos 70, Pélico aproveita o que aprendeu com a cena roqueira de São Paulo para criar um som de várias caras, produzido por Jesus Sanchez (Los Pirata) e com arranjos de sopros e cordas por Bruno Bonaventure.

A faixa-título soa como um desabafo que começa no sussurro e termina aos gritos, resumindo bem a pegada de todo o álbum, que vai da tentativa de diálogo (Vamo Tentá) à “pura vingança” (como diz a letra de Recado). À Beira do Ridículo poderia ter saído de Bloco do Eu Sozinho, do Los Hermanos, e as comparações com a banda de Marcelo Camelo (cujo trabalho é muito admirado por Pélico) poderiam ir mais além, já que os dois trabalhos se inspiram na canção popular, com músicas sem refrão e versos que poderiam ter sido trechos de conversas (como “cê finge que não vê”, em Se Você Me Perguntar e “lembra da gente sentado olhando pro mar?” em Tenha Fé, Meu Bem).

Enquanto as catorze primeiras faixas narram os diferentes momentos da mesma história, as duas últimas parecem vir como “bônus”. O Menino – uma balada emocionada capaz de dar frio na barriga de qualquer um – foi feita para o seu pai e Não Corra, Não Mate, Não Morra, parceria do músico com Estevão Bertoni, é sobre o show de uma banda em uma cidadezinha do interior.

Toda sua “esquizofrenia” sonora e vocal é parte da admiração que outros músicos tem de Pélico. Mas não precisa ser nenhum expert em música para aproveitar seu trabalho. Pelo contrário, ele faz música sobre pessoas e para pessoas. Popular com P maiúsculo, de grande alcance e de grande respeito.

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BOM PARA QUEM OUVE: Wado, Marcelo Camelo, Apanhador Só
ARTISTA: Pélico
MARCADORES: Indie Pop, MPB, Pop

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.