Resenhas

PELVS – Caixa

Coletânea de discos da banda se mostra um registro interessantíssimo tanto para fãs quanto desconhecedores do grupo

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Ano: 2013
Selo: Independente
# Faixas: 68
Estilos: Indie, Alternativo
Duração: 214:13
Nota: 5.0
Produção: Pelvs

Uma carreira de 22 anos e quatro discos oficiais está devidamente encaixotada para o deleite auricular dos desejosos por algo que poderia ser chamado de “um autêntico som independente brasileiro”. Explica-se da seguinte forma: Pelvs, banda seminal para a compreensão dos primeiros passos de músicos independentes da Cidade Maravilhosa em direção às suas primeiras gravações, disponibilizou em seu site pelvs.net, quatro volumes com 68 faixas. Não são os registros de seus discos oficiais, Peter Greenaway’s Surf (1993), Members To Sunna (1997), Península (2001) e Anotherspot(2007). São crocâncias infinitas e interessantíssimas.

A generosidade da Pelvs já começa pelo sistema de compra dessas músicas: cada um paga o que achar digno. É possível, inclusive, baixar os quatro volumes com qualidade de som digna totalmente de graça. A ideia da banda é chamar a atenção do público para seus discos, disponíveis através de link no próprio site da banda, que vão desembocar no sítio do Midsummer Madness, responsável pelo lançamento de três deles. As faixas de Caixa são instantâneos de vários momentos da carreira banda, um impressionante painel informativo, cheio de surpresas, capaz de reconstruir ensaios, apresentações, sobras de estúdio, versões alternativas, covers (que vão de Primal Scream – We Go Down Slowly Rising, a Yoko Ono – Move On Fast, passando por The The, com This Is The Day e os conterrâneos do Second Come, com The Great Broken Tree) ou seja, um verdadeiro mergulho no cotidiano desses sujeitos ao longo da década de 1990, início dos anos 00, lidando com toda sorte de limitação e dificuldadade.

A intenção da Pelvs com o lançamento de Caixa é justamente esse: trazer o ouvinte, fã ou não, para essa rotina, num mundo de fanzines, publicações alternativas, influências contínuas de rock independente britânico e americano, tudo devidamente apreendido, reempacotado e reprocessado. As canções reúnem desde os primeiros registros da banda em 1991 a momentos de destaque como a gravação de Uterine Ana Luiza para a coletânea No Major Babes, do jornalista Marcel Plasse, em 1992. No mais, como diz o site da banda, “as 68 músicas falam por elas mesmas – mesmo aquelas que são apenas barulho”.

Pelvs planeja shows comemorativos pelos 20 anos do primeiro disco, Peter Greenaway’s Surf e pretende tocar com todos os integrantes de suas formações, passando do trio inicial (Dodô, VRS Marcus e Rafael Genu) para o atual septeto com o fundador Rafael Genu tocando ao lado de Gustavo Seabra, Ricardo Mito, Gordinho, André Saddy, Clinio Jr e Daniel Develly. Em 2014 a banda promete disco novo, mantendo sua tradição de não-pressa. Só nos resta aguardar.

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ARTISTA: Pelvs
MARCADORES: Alternativo, Indie, Ouça

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.