Resenhas

Petit Biscuit – Petit Biscuit EP

Compacto de estreia do jovem produtor francês surpreende por sua identidade relaxada

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Ano: 2016
Selo: Independente
# Faixas: 5
Estilos: Chillout, Deep House, Música Eletrônica
Duração: 24"
Nota: 4.0
Produção: Mehdi Benjelloun

Mesmo já trabalhando há algum tempo com música, ainda me impressiona ver jovens prodígios surgindo com idades cada vez menores. Esses artistas conseguem se destacar e atingir um sucesso que jamais imaginaria alcançar na mesma faixa etária deles. Divagações à parte, a bola da vez é o produtor francês Mehdi Benjelloun, ou Petit Biscuit, que, com apenas 16 anos, está fazendo nome dentro e fora da prodigiosa cena francesa.

Petit Biscuit é também a primeira obra de Mehdi, que, apesar da pouca idade, tem boas referências e um talento ímpar em subverter sonoridades emprestadas de outros em algo bem seu. São cinco faixas de misturas entre melodias delicadas, acordes soltos da guitarra, vocais picotados e batidas que se juntam ao restante de forma a propor um clima divertido, mas ainda assim relaxante. Imagine-se em uma festa à beira de um piscina em um domingo ensolarado – esse é o clima proposto pelo jovem produtor.

Once Again abre o EP mostrando uma ambientação bastante tropical, revelando já de cara o papel dos sintetizadores e guitarras em sua obra. As ecoantes batidas dos tambores, os claps e os xilofones complementam a cara de “festa numa selva fofinha”. Sunset Lover, até agora seu maior single e carro-chefe do álbum, vem logo em seguida como uma espécie de resumo ou peça central da obra. A faixa é bastante atmosférica e nostálgica, ao mesmo tempo onírica. Um single incrível que realmente merece o destaque que ganhou nos últimos meses.

A ambiciosa Jungle apresenta uma quebra na expectativa durante a audição. Se o EP encaminhava-se por um caminho mais ameno, a obra se torna algo mais agressivo nela – os synths se tornam mais austeros, as batidas mais duras, quase mecânicas, mas, ainda assim, há um brilho na melodia e nos vocais femininos, que servem como mais um elemento melódico. Com Full Moon, vem mais uma quebra de expectativa, mas dessa vez de uma forma não tão positiva. A música se aproxima tanto do que já foi feito por nomes como Porter Robinson e Flume e Madeon que pouco transparece a personalidade do músico.

Iceland fecha o EP trazendo de volta o espírito sonhador do começo dele, quase como uma desdobramento eletrônico de Með suð í eyrum við spilum endalaust, de Sigur Rós. Ao final do registro, fica visível que o músico seguiu sua própria cartilha de como deve se estruturar uma obra :“Acho que um bom disco é coerente. Ele tem que surpreender, ser também diferente daquilo que o artista já apresentou, tudo isso enquanto mantém uma forte identidade. A ordem das músicas é bem importante também – um disco precisa contar uma história, mesmo quando varia em estilos e influências” – como disse ao Monkeybuzz na coluna Tantas Coisas.

(Petit Biscuit em uma música: Sunset Lover)

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BOM PARA QUEM OUVE: Flume, Porter Robinson, Madeon
ARTISTA: Petit Biscuit

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts