Resenhas

Phosphorescent – C’est La Vie

Novo álbum de Folk Americana emana os caminhos imprevisíveis da vida

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Ano: 2018
Selo: Dead Oceans
# Faixas: 9
Estilos: Folk, Americana, Indie
Duração: 46
Nota: 3.5
Produção: Matthew Houck

C’est La Vie, álbum de Phosphorescent ‒ artista que também atende pelo nome de Matthew Houck ‒ chega cinco anos após Muchacho, que cravou sua pessoa entre os representantes do Folk Americana do novo milênio. Ambos seguem mais ou menos a mesma fórmula estrutural, de canções ensolaradas intervaladas por ambientações sonoras, mas há no novo exemplar um maior cuidado com todos os detalhes técnicos, de timbres a arranjos, das gravações.

O nome, que quer dizer “é a vida”, vem marcado por um forte teor biográfico, mas não se resume a detalhes muito específicos da sua história. Ao contrário, apenas “emana” certa experiência e tranquilidade que apenas quarenta verões podem dar uma pessoa. Desde Muchacho, Houck se casou, mudou para Nashville, contraiu meningite, teve dois filhos e construiu o próprio estúdio do zero – histórias que, concentradas num período de cinco anos, fazem o sujeito pensar na vida e encará-la sem tanta ansiedade.

C’est La Vie é soa muitíssimo familiar para quem sempre gostou de Folk, em especial para a geração que aprendeu a apreciar o estilo na altura dos anos 2000. Há aquela materialidade de texturas que ouvimos em Wilco; aquela mágoa destilada de Josh Rouse, como quem pensa nos argumentos ideais para ganhar uma discussão horas depois, durante o banho; há também o ar contemplativo de The War On Drugs, coisa de gente que viu a vida entortar os planos pessoais para caminhos inesperados. Para além disso, é também possível detectar as influências de Beatles, Pink Floyd e Bob Dylan enquanto artífices de canções Pop, mas, convenhamos, essas são praticamente obrigações tácitas de qualquer músico do gênero.

C’est La Vie não possui uma energia capaz de penetrar nichos que já não sejam familiares a Phosphorescent. Há por aqui muita coisa que soa muito como suas próprias influências. No entanto, o esmero das composições e a qualidade da manufatura deste trabalho fazem deste a trilha sonora perfeita para aquele fim de tarde no qual a gente pensa que as coisas não saíram conforme o previsto, mas deram certo mesmo assim.

(C’est La Vie em uma música: Christmas Down Under)

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BOM PARA QUEM OUVE: Josh Rouse, Wilco, The War On Drugs
MARCADORES: Americana, Folk, Indie

Autor:

é músico e escreve sobre arte