Resenhas

Pinkunoizu – The Drop

Psicodelia pesadíssima ronda esta banda que faz um som totalmente distinto do você está acostumado em 2013 com tantas referências, experimentações e Rock.

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Ano: 2013
Selo: Full Time Hobby
# Faixas: 8
Estilos: Rock Psicodélico
Duração: 48:00
Nota: 3.5
Produção: Pinkunoizu

Se existe algo que possa definir a música Psicodélica como um todo é a sua falta de linearidade. Como um fenômeno à parte no meio da arte, procura se desvincular de padrões pré-estabelecidos e proporcionando ao ouvinte um escapismo aos costumes, modos e pensamentos. É evidente que nichos são usualmente criados, e o gênero vai se conectando a outros estilos e ritmos como uma simples conexão molecular, indo desde o Pop até o Hip Hop.

É difícil descrever em que parte do sistema musical psicodélico se encontra Pinkunoizu, sendo a única constatação de que deve ser em uma galáxia muito, muito distante. Não que o seu som seja espacial, mas é simplesmente diferente. Uma mistura folclórica entre diversas inspirações cinematográficas acabam ocasionando em The Drop, o segundo disco destes músicos experimentais e malucos, mas que fazem um som interessante na maior parte do tempo.

Aliás, para um cinéfilo, é como se estivessemos em pseudo-trilha sonoras de diretores bastante diferentes entre si, mas geniais. O começo de The Great Pacific Garbage Patc é puro Kubrick, lembrando muito as suas tomadas de cena que vão abrindo e seguindo o mesmo ponto do começo ao fim. Laranja Mecânica corre na veia e a tensão começa a subir até que uma voz masculina lembrando os primórdios do Pink Floyd entre em cena, e daí em diante é pura viagem – o que contradiz um pouco a gigantesca Necromancer, que brinca com sintetizadores de forma meio tosca, como se estivéssemos em um sonho estranho de David Lynch. A experimentação no final, claro existencialismo de seus músicos, mas incompreensível aos seus demais, é como os finais malucos que costumam acompanhar a carreira do também músico e diretor.

O acréscimo de vozes femininas, mais rasgadas e diretas, são muito bem-vindas em Moped, música que lembra muito o trabalho mais recente de Goat. Mas algo no meio de tanto barulho e dissonância parece incomodar, ao mesmo tempo que fascina. O desconhecido parece muito mais interessante quando surge o Folk romântico I Said Hell You Said No, faixa que definitivamente não pertence ao nosso tempo. A viagem no meio de sons aleatórios, gritos indígenas e um loop no violão fazem desta um dos momentos mais psicodélicos e bizarros do ano. Tanta diferença em relação ao que escutamos na música contemporânea e o seu estilo rupestre acabam prendendo o ouvinte sem este simplesmente saber se está gostando ou não do som. Como aquele filme autoral de Terrence Mallick que não sabemos se é bom ou não, mas que é de certa forma belo.

Os momentos mais Pop deste disco bem fora da curva psicodélica atual acabam ficando com a excelente faixa Tarantinesca Tin Can Valley, Surf Rock para dançar à la John Travolta e Uma Thurman na clássica cena de Pulp Fiction. Down In The Liverpool Stream flui como água que corre no meio de areia da praia, seguindo rumos incertos e tranquilos. Deliciosa, faz com que todo o experimentalismo visto até então faça sentido. No entanto, a complexidade de The Drop pode afastar muitas pessoas por alguns motivos. Sua duração não coincide com os tempos modernos com o seus 48 minutos e oito músicas, os seus barulhos que nos tiram de nossa zona de conforto. Mas algo proporciona uma imobilidade para os corajosos, que tentaram rever este filme ou obra diversas até que ela tenha algum real significado. Uma boa pergunta para começar seria: em qual universo no tempo e espaço musical estes seres psicodélicos vivem?

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BOM PARA QUEM OUVE: Youth Lagoon, Pond, Pink Floyd
ARTISTA: Pinkunoizu

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.