Como diz o ditado, “em time que se está ganhando não se mexe”, e foi assim que Poliça se comportou ao lançar seu segundo trabalho de estúdio, *Shulamith. Após a bem falada estreia com *Give You The Ghost no ano passado – sendo um disco que figurou em em um bom número de listas de melhores do ano em questão – a banda de Mineápolis apostou mais uma vez em seu Pop Eletrônico elegante e experimental e suas nuances sensualizadas e no bem explorado, e dosado, uso do Autotone nos vocais.
Com sua cara meio arrastada, com composições em sua maioria lentas e envolventes, o álbum beira a uma hora de duração mas sem enjoar o ouvinte por dois principais motivos além da qualidade das faixas.
O primeiro deles é a boa arquitetura de ordem das faixas, que mesmo tendo uma sonoridade predominante, como citado, também apresenta faixas que quebram levemente o clima suavizado, como o single Chain My Name e *Matty, ambas com uma bateria marcada e sua e linha de baixo que lembram uma mistura de Electropop e New Wave. Isso gera uma identidade até homogênea para o disco, mas sem que se torne enjoativo ou um mais-do-mesmo ao se passar por entre as faixas. E segundo lugar, sua característica quase de som ambiente gera uma sensação de semi transe e entrega que ajuda a uma melhor digestão do álbum
Definir as sensações que se temo ao ouvirmos **Shulamith* é um erro. Isso pode ser dito pois trata-se de uma música de multifaces e para múltiplos momentos e sensações que tanto o ambiente, quanto a música em conjunto a este, gera. Tirando os momentos de euforia e lapsos dançantes, **Shulamith* parece um disco sem momento errado para se escutar, combinando com diferentes humor, tanto se se está melancólico, em um clima romântico e sensual, divagando, curando chagas ou aliviando a tensão. Tal efeito mostra o efeito curinga de Poliça, um carta que atende para várias situações, e que resolve o jogo com o seu poder.