Resenhas

Porij – Teething

Disco de estreia da banda de Manchester coloca vertentes da música eletrônicas inglesa a serviço de proposta pop e dançante

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Ano: 2024
Selo: Play It Again Sam
# Faixas: 11
Estilos: Indie Pop
Duração: 36'
Produção: David Wrench

O quarteto inglês Porij já acumula pelo menos meia década de estrada, mas somente agora começa a ganhar mais atenção. Se, em empreitadas anteriores, a banda teve sua sonoridade ligada ao nu jazz e ao art pop (como em Breakfast, EP de 2020), agora, em sua nova formação, o grupo abraça algo destinado às pistas de dança. Teething é um disco de estreia bastante dinâmico, ainda que haja claramente uma linha amarrando as 11 canções do registro.

A partir de sintetizadores etéreos, batidas geralmente leves e guitarras bem desenhadas, o grupo cria um clima que se aproxima das produções do The xx (inclusive, o produtor deste disco, David Wrench, já trabalhou com o trio londrino em I See You, de 2017). Mas, ao mesmo tempo, há um tempero da música eletrônica inglesa – seja por toques de UK garage ou flertes com o electropunk. Tudo vem corado pela linda e sutil voz de Scout Moore, que demonstra versatilidade ao entoar as canções de forma mais “falada” ou soltando a voz em belas melodias.

A diversidade também aparece nas letras, que abordam especialmente as vivências queer da vocalista. Temas como identidade, vulnerabilidade, amor e autodescoberta são elegantemente abordados em trechos como “Passion gives way to tender moments / To someone that means home (…) I’ll always say whatever happens is enough / Don’t know if this will be forever / But for now know / You’re my only love” (na apaixonada “My Only Love) ou “Straighten out the curves / I’m accustomed to harshness / Shut out from the world” (de “Stranger”). Há ainda espaço para um humor mais ácido, como “You don’t stand a fucking chance / So let’s dance”, na faixa de abertura “Marmite”.

De natureza dançante, Teething celebra as experiências queer de forma única. Fluido, o álbum não se prende a um estilo ou uma única narrativa para dizer o que quer dizer, o que resulta em uma aventura e tantos pelas sonoridades inglesas orientadas por um viés mais pop e afável. É um bom registro de estreia, além de uma ótima apresentação para ouvintes que venham a conhecer a banda agora.

(Teething em uma faixa: “Unpredictable”)

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ARTISTA: Porij

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts