Brian Imanuel, ou Rich Brian, é um rapper autodidata criado pela Internet. Com apenas dezoito anos de idade, o artista passou a maior parte de sua vida dentro do quarto na casa dos seus pais na Indonésia consumindo cultura americana. Após emplacar algumas esquetes absurdas via o falecido aplicativo Vine, Brian se tornou uma sensação viral ao lançar o clipe de Dat $tick, no qual vestido com uma camisa polo cor-de-rosa e uma pochete, satiriza os lugares-comum do Rap posando com armas e derramando conhaque no chão.
Amen, sua estreia propriamente dita no universo da música, é um álbum apadrinhado pelo selo 88rising, focado em distribuir a cultura asiática influenciada pelo Hip Hop através do mundo. O trabalho marca a tentativa de Rich Brian de iniciar uma transição entre o mundo do humor, da cópia e da sátira em direção a uma carreira “séria” de Rap.
As faixas são temperadas por samples eletrônicos minimalistas, texturizados e bastante evocativos de um clima frio e cosmopolita. As batidas tortas situam o trabalho dentro do universo contemporâneo. O flow de Brian é seco e monocórdico, apresenta uma voz grave, com um aspecto muito mais cerebral e incisivo do que emocional. Todos estes são fatores que colocam Amen dentro de um balaio homogêneo do Hip Hop contemporâneo, inspirado pelo Trap de Migos, A$AP Mob e até mesmo por alguns dissidentes do coletivo Oddfuture.
Antes de se tornar Rich Brian, o artista, ainda alguns anos distante da maioridade, adotou o codinome Rich Chigga (uma junção das palavras “chinese” e “nigga”). Criticado por conta das questões raciais problemáticas da sua empreitada artística, se declarou arrependido e alterou seu codinome para o atual. Nos Estados Unidos, o racismo e a apropriação tem sido questões centrais da cultura. Assim, de maneira mais ou menos impremeditada, o jovem Brian se vê diante de obstáculos e tenta como pode articular estas questões dentro de sua carreira.
“Eu estou tentando evitar escrever sobre armas e matar pessoas nas novas músicas,” disse o artista em recente entrevista , “Eu quero falar da minha própria experiência”. Amen é uma tentativa de ultrapassar a linha da emulação dos ídolos em direção a uma voz própria. O álbum traz diversas qualidades, e equipara o jovem indonésio a alguns dos nomes de destaque da cena norte americana, mas ainda precisa articular a vontade de ser artista sem tanta pressa.
(Amen em uma música: Introvert)