Quando Rico Dalasam afirma que “sua música aponta para o futuro”, já na primeira audição do EP Balanga Raba, é possível perceber que ele está no caminho certo. Com orgulho negro e gay em sua voz, ele quebra tudo e inaugura a cena queer Rap do Brasil.
Composto por apenas quatro faixas que seguem a mesma pegada das lutas e referências características do Hip Hop atual — causas de minoria que são ignoradas pela sociedade —, o projeto triunfa na tarefa de colocar essas pautas no mundo Pop.
Já na primeira música Não Deito pra Nada, o rapper mostra toda sua vulnerabilidade com uma mensagem impactante de superação (“Não deito pra nada/Vida me fez flor/No mesmo corpo fez granada”). Esse sentimento também marca presença em outros pontos do lançamento. Em Procure, por exemplo, Rico joga uma luz na capacidade de ver a felicidade em pequenas conquistas mesmo estando no escuro (“Vim pagar sua covardia, por um bom trabalho/O vale otário tem valia, até um horário/Procure o que é sorrir assim no dicionário”).
Na metade do EP, contudo, o contraponto entre o Hip Hop e o Pop se juntam, mas não se misturam, quase como o encontro entre o oceano Pacífico e o Atlântico. E é nessa divisão em que o rapper parece dizer “a vida foi dura, chorei, mas é preciso levantar a cabeça e curtir”. E ele não economiza na curtição: Não Vem Brincar de Amor e Fogo Em Mim são feitas para explodir qualquer pista de dança.
É seguindo entre esses dois paralelos que Rico Dalasam prova ser um artista que não tem medo de mostrar que seu talento e muito menos diferentes facetas. Mesmo levando na cara, encontra força para celebrar a vida e inspirar quem ouve seu trabalho. Dessa forma, é preciso apenas doze minutos para testemunhar Rico enfiar o pé na porta e dizer bom dia logo em seguida.
(Balanga Raba em uma música: Não Deito pra Nada)