Em 2012, Rufus Wainwright lançou o seu último disco Pop, Out of the Game. Produzido por Mark Ronson, a empreitada gerou grande expectativa, mas acabou não colocando o artista no mesmo patamar das superestrelas da indústria. Olhando agora, oito anos depois, podemos considerar a escolha deste título como algo simbólico: desde então, ele se retirou dos holofotes e dedicou-se a compor óperas e adaptar sonetos shakespearianos em formato de canção.
Agora, do alto de seus 46 anos de idade, o artista declarou-se saudoso de sua carreira como singer-songwriter. Unfollow the Rules, portanto, é um disco que marca o seu retorno a este universo. Com título dado pela filha, o álbum mostra um artista que vem reclamar o território que lhe é de direito – seja por herança familiar, seja por conquista pessoal ao longo dos anos – dentro da música Pop.
Unfollow the Rules é dividido, grosso modo, em três atos. A primeira parte, saúda a herança Folk e Country do cantor norte-americano. As canções são ensolaradas, violões de aço e de nylon ocupam o primeiro plano e os trejeitos narrativos respeitam uma tradição musical sem soarem nostálgicos. Joni Mitchell, Leonard Cohen e Brian Wilson são patronos imaginários das canções e referências diretas do artista.
Em seguida, vem a etapa influenciada pela ópera. A grandiosidade dos musicais, os arranjos de orquestra suntuosos dão suporte para a voz sempre sustentada do artista. Aqui, declarações de amor a seu marido Jörn ocupam o proscênio, mas há espaço também para um humor burlesco, típico da família Wainwright.
O que nos leva ao terceiro momento, que exibe um artista sentado ao piano, mais melancólico. Aqui, com clima crepuscular, Wainwright encara esse momento de sua vida, o pós-quarenta anos, com a devida maturidade e elegância. Nesse sentido, Unfollow the Rules não possui um final feliz, mas acaba em fade out, respeitando o arco decrescente de energia que suas canções desenham.
Em geral, Unfollow the Rules exibe um artista despreocupado. Muito à maneira do último exemplar de Paul Weller, o On Sunset, o disco é capaz de condensar os grandes momentos da carreira de um artista. A sequência de faixas é substanciosa, o artista soa seguro e cheio de si, mas, ao mesmo tempo, existe uma despretensão no ar que faz com que tudo flua naturalmente.
(Unfollow the Rules em uma faixa: “Damsel in Distress”)