Resenhas

SAINT PEPSI – Hit Vibes

Produtor parece endireitar e dar rumo ao, até então estranho, estilo recém surgido sabendo dosar a utilização de seus elementos

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Ano: 2013
Selo: Keats Collective
# Faixas: 13
Estilos: Vaporwave, Dance
Duração: 36:20
Nota: 4.0
Produção: Ryan DeRobertis

Há pouco tempo surgiu o Vaporwave, e alguns nomes foram então tidos como representantes desse som. SAINT PEPSI é um deles, e agora, o seu álbum Hit Vibes, chega para nos mostrar que esse novo gênero pode sim ser bem trabalhado e resultar em boas músicas.

Em um primeiro contato com esse, digamos, diferente estilo, que é o nomeado Vaporwave, é comum o acharmos estranho, cafona, brega, irritante, enfim, com uma sonoridade não prazerosa. Porém, como tudo na vida, os primeiros passos são difíceis e requerem tempo para se endireitarem – ou então serem largadas de vez. O Vaporwave podia então seguir esses dois caminhos, e pelo jeito – se depender de SAINT PEPSI (Ryan DeRobertis) – vai seguir o primeiro. Sabendo lidar com os elementos noventistas, tanto musicais quanto “plásticos” (usando samples de infomerciais e filmes, tanto na música quanto nos videoclipes), o produtor consegue lapidar o estilo que tinha tudo para ser o estranhão da turma, mas que agora chega bem ajeitado e envolvente.

A sensação que temos ao ouvir Hit Vibes é a de estar presenciando uma mixagem de músicas dos anos 90 (com uns toques de 70 vez ou outra) por um DJ em algum programa de flashback de rádio. E isso é um elogio. Com músicas bem dançantes e animadas, Ryan parece ter encontrado o ponto de equilíbrio da proposta do Vaporwave – o resgate, o vintage – mas sem excessos e sem caricaturziação e saturação.Dentre 13 faixas que compõe o álbum, é certo que algumas delas vão te fisgar e fazer balançar o corpo e até fazer você cantar junto, como o refrão de Better (“I can make it better for you [“Eu posso fazer isso melhor pra você”]) ou com a bateria eletrônica de Cherry Pepsi.

É claro que todo aquele clima “smooth” do Vaporwave – cadenciado, com vocais com velocidade reduzida, samples vocais de filmes e sintetizadores simulando saxofones – estaria presente. Porém, diferente do que se observa(va) em outros artistas do gênero, SAINT PEPSI utiliza esses artifícios de maneira mais consciente, sem soar enjoativa. E para fazer isso, usa tais faixas como interlúdios – como podemos ver em Togheter e Interlude – ou com esses elementos em pequenas doses ou como segundo plano para outros elementos dentro de uma faixa – como em Strawberry Lemonade. Tal atitude mostra que o produtor percebeu a questão do estilo e tem mostrado saber lidar com o que o estilo propõe e pode proporcionar.

Se num primeiro momento tudo que se ouvia de Vaporwave nos fazia franzir a testa, SAINT PEPSI pode ser um nome a receber atenção, pois mostrou saber utilizar os elementos que surgiram no estilo de maneira coesa e segura. Tal feito pode começar a trilhar um caminho mais sólido para o estilo que ainda não se firmou, e que ainda se apresenta como um cena de nicho sem uma identidade forte e aceita.

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ARTISTA: SAINT PEPSI
MARCADORES: Dance, Vaporwave

Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).