Resenhas

Sampha – Dual EP

Músico surpreende em seu primeiro EP solo, totalmente produzido e mixado por ele, digno de tirar o fôlego

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Ano: 2013
Selo: Young Turks
# Faixas: 6
Duração: 16:34
Nota: 4.5

Pela primeira vez, depois de mais de três anos, o produtor, cantor de soul e também tecladista, Sampha, apresenta um lançamento solo. Enquanto o músico londrino estava na mídia por suas colaborações frequentes com SBTRKT e Drake, ele agora embarca em uma jornada musical de sua autoria com um EP solo de seis faixas, intitulado Dual.

Mostrando sua voz instantaneamente reconhecível, o registro é totalmente produzido e mixado pelo próprio Sampha. No EP, está incluso ainda uma nova versão mais emocional de Indecision, uma faixa que já está sendo rodada por algum tempo na internet, além de cinco novas e exclusivas canções. Sampha tem uma maneira tranquila de lidar com ele mesmo e sua música, com sua voz suave e hesitante, que exige um ouvido paciente e gentil. Essa, inclusive, é uma das características mais marcantes de seu trabalho: a emoção crua que sai de sua voz quando ele canta, faz o resultado do conjunto musical ser ainda mais surpreendente.

Nas seis músicas do EP, os vocais são a atração principal, inquestionavelmente, mas sua produção é quase tão impressionante quanto, a partir da rápida introdução da faixa Demons. Ela começa com a voz de uma gravação, um piano e um som meio “sujo e empoeirado”, que você ouviria de uma vitrola muito antiga, remetendo imediatamente a uma sensação de nostalgia. E é isso que Sampha traz em seu álbum, uma abordagem clássica que dá o registro de um conceito, ao aplicar novos sons e visões para criar algo beirando a atemporalidade.

Em Beneath The Tree, temos uma letra que mistura um pouco de turbulência interna (“there’s a monster inside of there/but I’m gonna keep it there”), misturando o poético e o sublime, que fundem-se para criar uma bela melodia combinando o talento de Sampha como produtor, com uma capacidade lírica própria que transmite temas universais.

Without já se apresenta com um ritmo condizente com um produtor muito mais experiente. É uma canção triste, mas a batida traz balanços de uma percussão que faz a música soar um pouco mais dançante e animada.

Além da introdução de Demons, há também Hesitant Oath, que continua a atmosfera nostálgica da primeira música, criando uma paisagem sonora que consegue fazer a transição perfeita entre Without e Indecision, um dos grandes destaques do EP e uma música que merece ser ouvida diversas vezes. A voz de Sampha está em sua melhor forma, elevando sua música e voz a novos patamares.

O EP termina com Can’t Get Close, uma música que não parece nada com a anterior, mas que serve como despedida e faz com que você tenha a sensação de querer ouvir mais.

Dual vem como uma boa surpresa que anuncia a chegada de um artista que merece atenção. Embora ainda seja um pouco cedo para definir Sampha como um visionário, ele tem seu grande mérito como produtor, e uma voz para dar ao indie e R&B um novo brilho, mesclando o antigo com o novo para criar algo que represente o seu tempo. Dual é como uma serenata emocional e produzido com uma excelente instrumentação, com a voz reconfortante de Sampha, que é muitas vezes elevada para brilhantes camadas vocais de fundo, tornando a experiência de ouvir o EP digna de tirar o fôlego.

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BOM PARA QUEM OUVE: Blood Orange
ARTISTA: Sampha
MARCADORES: Ouça

Autor:

Largadora por vocação. Largou faculdades, o primeiro namorado e o interior. Hoje só quer saber de arte, cinema, música, fotografia e sair correndo pelo mundo.