De surpresa, como uma brisa leve de verão que chega no final da tarde, Santigold lança seu novo trabalho para o mundo, intitulado I Don’t Want: The Gold Fire Sessions. A artista, que também atende pelo nome de Santi White, num movimento despretensioso instaura um respiro em sua discografia, marcado por melodias ensolaradas, coloridas e borbulhantes.
I Don’t Want… vem embasado por ritmos caribenhos como o Dancehall para promover um clima de celebração. Ao mesmo tempo, a artista apoia-se nas harmonias digestíveis do Pop, em especial aquele lá dos anos 2000, para fazer seu trabalho grudar instantaneamente na cabeça do ouvinte. Produzido em grande parte por Dre Skull, o trabalho possui uma onda de “mixtape”, na qual as faixas interligam-se umas às outras. Para além dele, Ricky Blaze e Diplo se ocupam da parte mais “álbum completo” e parecem preparar a artista para o mainstream. O timbre agudo de White, unido ao batidão e mais a uns três ou quatro acordes maiores faz sua música lembrar algo no meio do caminho entre Major Lazer e Rihanna.
Para além desta camada mais óbvia, há também uma característica muito própria de nossos tempos, que é o do Pop que já consegue articular um discurso crítico com naturalidade. É daí que vem o título do trabalho, que faz questão de afirmar suas vontades, ou, melhor dizendo, afirma aquilo que a artista não quer saber de fazer: abrir mão de seus trejeitos para agradar ao mercado.
Do mesmo modo que I Don’t Want… chega, vai embora: suave e divertido. A impressão, boa, é de seus minutos passam rápido. No entanto, justamente por isso, a artista consegue criar um clima de festa envolvente que nunca chega a soar cansativa. Ou seja, esse trabalho, embora seja sério, soa como um momento para desanuviar. É aquela pausa tão necessária para o corpo e para a cabeça, que recarrega suas energias a fim de dar o próximo passo na carreira.
(I Don’t Want: The Gold Fire Sessions em uma música: Crashing Your Party)
