Resenhas

Sharon Van Etten – Tramp

O terceiro disco de Sharon consegue unificar o melhor de seus arranjos com suas letras e voz. Num tom de pesar, a moça consegue exorcizar fantasmas do passado em suas belas letras e melodias

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Ano: 2012
Selo: Jagjaguwar
# Faixas: 12
Estilos: Indie Rock, Folk, Singer-Songwriter
Duração: 46:10
Nota: 4.0
Produção: Aaron Dessner

Com resquícios do folk e num tom totalmente introspectivo e pessoal Tramp é um disco sublime em que Sharon Van Etten se expõe de uma forma que não se vê hoje em dia. Tudo nesse disco tem a ver com ela, desde os acordes mais simples até as melodias mais trabalhadas – tudo é um grande reflexo da própria Sharon.

Sua poesia e belas letras com uma sinceridade moderada são ingredientes perfeitos para sua voz, que transita entre um grave moderado e a doçura, com uma carga de tristeza muito grande, que não está só em seus versos. A carga de sinceridade em suas músicas não extrapola as barreiras e, com um lirismo franco, a moça consegue trazer acima de tudo honestidade em sua música.

Em seu terceiro disco, ela consegue atingir uma maturidade, unificando muitos elementos em sua música. A união de um violão com sua voz é tudo o que ela precisa pra passar suas mensagem: Uma angústia escondida, a dor de uma partida e decepções amorosas são postas de maneira visceral em sua música. Ao longo das doze faixas que compõe a obra, ela expressa isso de um forma muito única.

Tramp conta com a participação do Beirut Zach Condon, Jenn Wasner do Wye Oak, Julianna Barwick, Matt Barrick do Walkmen, Thomas Bartlett e Aaron Dessner do The National, que também se convidou para produzir o disco. De período bem conturbado da vida de Sharon sai sua obra prima: Tramp consegue transportar toda a angústia de sua separação sem cair no clichê.

Com certeza, não se consegue definir como “Folk” esse disco, tão pouco como Indie Rock ou Indie Pop, mas o que importa é a moça empunhar seu violão e cantar suas lamentações, sua poesia em lirismo nada exagerado. Abrindo dessa forma temos Warsaw, com um “I want to be over you/ I want to show you” que mostra em seus dois minutos de música a fúria e, de certa forma, um conformismo em uma bela sessão rítmica que ajuda a construir um clima leve, mas ao mesmo tempo pesado.

O disco segue sempre nessa vibe de um contentamento descontente. O fim chegou, mas tem muito o que vir pela frente e, nessa onda, ela continua o disco como na raiva de Serpents, uma música recriminatória, quase uma lavagem de roupa suja no disco, e as baladas Kevin’s, All I Can e Leonard, que mostram uma Sharon frágil, mostrando seus defeitos e vulnerabilidades.

Com ótimas letras, Sharon escancara uma persona de si mesma, com toda sua dor, insegurança e angústia colocadas no disco. Suas baladinhas guiadas pelo seu violão e voz cada vez mais impressionam o ouvinte, mostrando todo seu poder vocal combinado com suas letras.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts