Resenhas

Shellac – Dude Incredible

Banda do famoso produtor Steve Albini cria sua obra mais coerente

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Ano: 2014
Selo: Touch and Go
# Faixas: 9
Estilos: Noise Rock, Math Rock, Post-Hardcore
Duração: 33:43
Nota: 3.5
Produção: Shellac

Sete anos separam Dude Incredible de Excellent Italian Greyhound (2007) e posso dizer que pouca coisa mudou desde então, pelo menos no som do grupo. Se tudo ao redor da banda parece ter evoluído, ou pelo menos se encaminhado para outro lugar, a sonoridade de Shellac parece estar ainda bem presa às suas fundaçãoes. Até aí, nenhuma novidade, pois todos os quatro álbuns que vieram antes deste também se baseiam nessa “fórmula” criada pelo trio em 1994, com At Action Park.

Se todos os albuns do trio até agora foram muito bons e capazes de arrebanhar um bom número de fãs mesmo com um som que não é tão facilmente apreciável, com este não será diferente. Formado por Bob Weston, Todd Trainer e o famoso produtor Steve Albini, o grupo tem uma sonoridade que passeia pelo Post-Hardcore, Noise Rock e Math Rock, mas que é comunmente descrito simplesmente como “Rock Minimalista”, nome esse que pode até certo ponto apontar para a crueza sonora do grupo, mas certamente diminui outros fatores de seu som, como as quebras de tempo, as melodias assimétricas e as harmonias angulares – isso sem contar as estruturas nada convencionais e as letras satíricas.

Com apenas nove faixas (em pouco mais de 30 minutos), o trio parece aqui soar mais direto que em seus antecessores. A banda parece fazer análise bem ao estilo “Shellac” da sociedade e das anomalias inerentes à sua expansão. Temas como o impulso quase primitivo do sexo ( “Oh, my brothers and oh, my other comrades / Let’s leave this place directly / And go where the females congregate / Perhaps no others fuck them / And on the way, we’ll have adventure”, de Dude Incredible), violência e roubo ocasionado por menores de idade (em Riding Bikes) e a desmistificação do processo de colonozição dos EUA (All The Surveyors) e a perda de privacidade (Surveyor), entre outros, são tratados ao longo da obra. De certa forma, esse é o disco tematicamente mais coerente do grupo.

Sem dúvidas, este é um álbum muito bom, dinâmico, bem produzido e, sobretudo, coerente, porém seu maior problema é não ter uma faixa que se destaque das outras, como The End of Radio foi em Excellent Italian Greyhound ou Didn’t We Deserve a Look at You the Way You Really Are em Terraform (1998). Ainda assim, Dude Incredible compensa a espera de sete anos e mostra mais uma vez uma banda que não se importa em seguir tendências ou modismos, mas em criar um retrato de seu próprio universo com letras mordazes e uma instrumentação proeminente e fora do comum.

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BOM PARA QUEM OUVE: Don Caballero, Nirvana, Cloud Nothings
ARTISTA: Shellac

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts