Konnichiwa é uma palavra japonesa que significa “olá”. Mas não se engane, pouco – ou nada – dentro do quarto álbum do rapper britânico Skepta tem a ver com o Japão. Seu título, na verdade, acontece como uma brincadeira, e faz referência aos vários atrasos que o lançamento do álbum sofreu, como se o músico tivesse ido em uma longa viagem e, agora, finalmente retornasse com seu álbum pronto.
Essa mistura entre temas profundos, a metáfora da viagem ou jornada interior, e outras referências superficiais, que dificilmente correspondem integralmente à expectativa que criam, parece ser a essência de Konnichiwa. O trabalho surge após um intervalo criativo de cinco anos de Joseph Adenuga, Jr., um período de crise no qual o produtor parece questionar qual seu verdadeiro propósito na música após ser um dos pivôs na emergência da cena Grime na Inglaterra, um estilo musical que mescla o Garage, o Jungle e o Hip Hop.
Em um impasse constante, Skepta parece estar o tempo todo obstinado em atingir o mainstream musical, ao mesmo tempo em que despreza esse estilo de vida. “I feel like I’m in limbo, fam”, ele diz em Corn on the Curb. Ele rima sobre a polícia, sobre ser undergroung, sobre dinheiro e sobre a fama, mas é essencialmente autorreferencial.
Konnichiwa, a música, uma das últimas a entrar para a playlist do álbum, segue a trilha de Kendrick Lamar. Ladies Hit Squad alinha-se com Hotline Bling de Drake. Crime Riddin desenvolve uma atmosfera tensa e Numbers tenta equiparar-se com o Pop de Pharrell Williams. Konnichiwa é sobre o underground londrino equanto equipara-se com a efervescência do Rap americano.
Afora suas bases eletrôncias, sólidas e que fazem jus à fama de Skepta como produtor, Konnichiwa é preenchido pela oscilação. O retorno do rapper é marcante como muitos esperavam. Todavia, o dilema perdura pelo trabalho como se fosse sua alma, ou, quem sabe, seu fantasma.
(Konnichiwa em uma faixa: Shutdown)