Resenhas

Smoke Fairies – Blood Speaks

Trabalho da dupla redefine a qualidade de “feminino” no Rock Alternativo em um álbum que agrada independentemente de gêneros

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Ano: 2012
Selo: Rough Trade Records
# Faixas: 10
Estilos: Rock Alternativo, Folk Rock
Duração: 38:45
Nota: 4.0

A dupla britânica Smoke Fairies construiu um álbum que revela uma nova preciosidade a cada vez que você o ouve. As dez faixas de Blood Speaks trabalham muito bem as sonoridades emprestadas do Folk e do Rock em composições que continuam a tradição de nomes como Joni Mitchell, Indigo Girls e PJ Harvey de fazer músicas que não se restrinjam apenas ao público que se identifica com temáticas femininas, mesmo que esse seja um adjetivo que facilmente aparece quando se pensa em uma definição para o trabalho de todas essas.

Por mais que o som de Katherine Blamire e Jessica Davies descrito também por suas influências do Blues, este disco lembra um pouco Rock Alternativo dos anos 90 em diversos momentos, desde sua abertura com Let Me Know, faixa que mostra bem a dupla de vocais e de guitarras, duas características que seguirão no álbum até o fim. The Three Of Us (talvez, a melhor de todas) é outra que mostra a boa forma roqueira da dupla, que acaba revelando melhor suas referências Roots na também ótima Take Me Down When You Go.

Mas, por mais agradáveis que sejam essas três faixas, o verdadeiro ouro da obra como um todo surge nas canções como Awake e Daylight, faixas que se aproximam mais daquela tal sonoridade “feminina”, “de cantora”, ou como preferir chamar. É um som que nem sempre pode chamar a atenção de primeira – e esse é um dos motivos para eu ter dito que preciosidades são encontradas a cada audição de Smoke Bloods.

Uma dela é Hideaway, que ganhou uma produção mais crua, que parece ter sido gravada de uma sessão ao vivo das moças, graças à sonoridade seca do instrumental que monta a balada, densa e Pop ao mesmo tempo. Soa como algo que ganharia prêmios no Grammy há duas décadas, mas que hoje ganha a qualidade de “Alternativo”. Outra balada do disco é a faixa-título, que cria uma ambientação rica e profunda na qual ecoam os vocais sensíveis.

Ao longo da história da música contemporânea, as mulheres já comprovaram diversas vezes a qualidade de seu som pesado e roqueiro. Porém, ao ouvir discos como Blood Speaks, me pego pensando que o Rock se dá melhor na mão delas quando ganha a densidade da sensibilidade melancólica feminina. E, nesse campo, a Smoke Fairies está pronta para também ser referência.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Kills, PJ Harvey, Jack White
ARTISTA: Smoke Fairies

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.