2017 foi o ano do ressurgimento de muitos projetos musicais que, se não haviam acabado, se encontravam em recesso há vários anos. Acompanhando esse movimento, o DJ norte-americano Statik Selektah desistiu da aposentadoria que deveria, segundo ele mesmo, ter chegado com Lucky 7, e lança pro mundo o álbum 8, este que é, é claro, o oitavo de sua carreira.
São alguns números para levar em conta: 8 é um peso-pesado de 18 faixas que somam, ao todo, 36 participações especiais. A ideia é mais ou menos a mesma em todas elas, Statik Selektah recorta alguns samples de Jazz, acrescenta uma batida e deixa seus convidados rimarem à vontade sobre as bases. Se a ideia soa coerente, a insistência na mesma fórmula ao longo de uma hora de duração transforma 8 em uma amálgama sonora repetitiva, uma tarefa cansativa se for encarada de uma só vez.
Existe também uma nostalgia meio descompassada no trabalho, que quer forçar a existência de um Hip Hop que não existe mais, ou evocar uma ideia artificial de Rap “original”. O número gigantesco de músicas e participações fazem com que 8 tenha uma cara de coletânea lançado por alguma rádio dos anos 90.
Apesar disso, a curadoria de Statik Selektah proporciona um clima noir, feito com competência. Os convidados, que partem de Action Bronson, passam por Joey Bada$$ e chegam a Run The Jewels, em geral, rimam com desenvoltura. 8, afinal, soa como um trabalho pro forma, que joga de acordo com a cartilha, bem executado, mas que peca pelo excesso de conteúdo e pela cadência homogênea.
(8 em uma música: Don’t Run)