Resenhas

Still Corners – Strange Pleasures

Sonoridades da década de 80 são exploradas de maneira cinematográfica no segundo disco da dupla londrina Greg Hughes e Tessa Murray

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Ano: 2013
Selo: Sub Pop
# Faixas: 12
Estilos: Indie Pop, Nu Gaze, Synthpop, Dream Pop
Duração: 44:40
Nota: 3.5
Produção: Greg Hughes
SoundCloud: /tracks/90024819
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fstrange-pleasures-bo

O autoindulgente debut do duo Still Corners se mostrava bem interessante quando lançado há quase dois anos: explorando a tão saturada sonoridade oitentista, esse disco conseguiu colocar a dupla no radar musical de muita gente e criar certa expectativa para suas próximas produções. E eis que dezoito meses após este lançamento, chega às prateleiras Strange Pleasures, um disco que supera grande parte das dificuldades encontrada na audição de Creatures of an Hour. Entre seus aprimoramentos se destacam a grande melhora na produção (agora mais clara e refinada) e a mudança de humor, deixando de lado o teor obscuro e monocromático. Outro ponto importante da obra é ver o produtor Greg Hughes e a vocalista Tessa Murray explorando mais a fundo as vertentes experimentadas naquela obra, agora ganhando também uma orientação quase cinematográfica.

Indiscutivelmente, o clima da década de 80 continua presente. Batidas, sintetizadores, guitarras e até mesmo o clima etéreo recorrem ao Synthpop, Shoegaze e Dream Pop (ritmos que são usados para criar sua mistura embebida de tons psicodélicos e hipnóticos, experimentados pela dupla no outro disco, porém o potencializados e reforçados nesta obra.) O resultado é um elegante misto retrô-futurista em que Hughes mostra maior inventividade, clareza de ideias e uma aproximação mais urgente (ainda que suas músicas não possam necessariamente ser descritas como tal.) e Tessa, apresenta seu vocal enigmático e atmosférico, dando voz às experimentações do produtor.

Essa vibe “colorida” (muito mais vívida que em Creatures of an Hour) é vista desde os primeiros segundos de Strange Pleasures. The Trip explora um lado mais Pop, quase como o encontro de Chairlift, School of Seven Bells e Cocteau Twins, em um uma faixa impulsionada por uma melodia cíclica criada pelo violão, que ganha ainda o adorno de um sintetizador polido, texturas do teclado e eventuais guitarras (que simulam o steel guitar). All I Know e Future Agecontinuam no seguimento Pop do álbum, sendo a primeira em um flerte com a Disco e a segunda com Pop Psicodélico (lembrando em alguns momentos as produções do MGMT).

Fireflies mostra mais dessa mistura Pop, porém com um quê luxurioso. Riffs de sintetizador e vocal sexy e saturado em efeitos consegue criar uma aura interessante para canção, que seria a trilha sonora perfeita para um filme Noir. Seguindo um caminho guiado pelo Electropop, a faixa-título e Midnight Drive se aproxima mais uma vez de trilhas sonoras, mas desta vez ao invés de um representar um gênero, as canções são propícias a um filme especifico: Drive (ideia que pode ser reforçado pelo nome desta segunda faixa). Esse mesmo clima arrastado e cheio de sintetizadores vintage é apropriado de maneira um pouco mais ensolarada na ótima Beatcity.

A impressão que fica é que Hughes e Tessa souberam de certa forma se reinventar, ainda que buscassem novamente a sonoridade dos anos 80 como suas principais inspirações. A dupla faz isso sabendo dosar as mesmices da década e conseguindo imprimir uma aura quase cinematográfica à obra.

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BOM PARA QUEM OUVE: kavinsky, Chromatics, Chairlift
ARTISTA: Still Corners

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts