Resenhas

Stone Gossard – Moonlander

Membro do Pearl Jam brinca de rockstar enquanto o famoso grupo americano não lança seu novo disco

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Ano: 2013
Selo: Monkey Ranch Records
# Faixas: 11
Estilos: Rock, Pop Rock, Soft Rock
Duração: 40:52
Nota: 4.0
Produção: Gossard
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/moonlander/id636317955?uo=4

Deve ser complicado integrar uma banda mundial como o Pearl Jam. Principalmente se você é um dos guitarristas e, no caso de Stone Gossardd, responsável por grande parte dos arranjos e espectro musical da banda desde sempre. Se Mike McCready é o guitar hero do PJ, Stone é o cara da base, que constrói o pavimento para que todos possam caminhar tranquilos. Além da responsabilidade guitarreira, ser integrante do Pearl Jam não deve ser tarefa fácil, sobretudo para Stone, que parece ser um sujeito simples e boa praça.

Sua formação no rock data dos anos 80, quando perambulava numa Seattle cinzenta e sem graça, pulando de garagem em garagem, em busca de uma banda que trouxesse esperança e diversão para aquelas intermináveis tardes entediantes. Ele achou carinho em formações como Ducky Boys, March Of Crimes e Green River, ao lado de seu amigo Steve Turner. Depois integrou o mítico Mother Love Bone que, após a morte do vocalista Andrew Wood, serviria de terreno fértil para o surgimento do Pearl Jam. Desde então, Stone foi alçado ao megaestrelato mas manteve-se no low profile ao manter uma banda paralela da qual só os fãs mais renitentes ouviram falar: o Brad. Já se vão vinte anos de existência e cinco discos gravados. Além disso, Stone lançou seu primeiro álbum solo em 2001, Bayleaf, e agora retoma essa faceta com Moonlander.

Stone gosta de escrever canções, da arte da composição. Foi acumulando e engavetando várias até chegar em 2003, quando compôs I Need Something Different e Bombs Away. A primeira é um rock invocado com ares de gravação tosca, no qual Stone comanda todos os instrumentos em forma de loop. Bombs Away já é uma baladinha delicada, com guitarras e vocais de apoio – também gravados por ele – que dão uma boa idéia do quanto sua participação vocal é importante no Pearl Jam.

Juntam-se a essas duas composições, outras nove canções mais recentes e interessantes. Both Live é uma animada e cheia de pianos, Your Flames é o mais próximo que algum sujeito branquelo de Seattle poderia chegar de uma balada de FM, Battle Cry lembra canções de silêncio/som do Pearl Jam noventista, enquanto King Of Junkies traz alguma psicodelia controlada em meio a vocais emocionados. O disco prima pela não-unidade, busca uma simpática variação de estilos. I Don’t Wanna Go To Bed tenta ser épica mas é intencionalmente abortada por trechos que parecem gravados numa demo tape. Remain é uma canção folk de têmpera gospel, Witch Doctor tangencia o pop dos anos 60 e Beyond Measure, que encerra o disco, traz uma surpreendente vibe gospel, cheia de corais e melodias ao piano, slide guitar e verdadeira emoção.

Stone reafirma sua condição primordial de gente boa e manda avisar que o Pearl Jam está concluindo a gravação de seu novo disco, ainda sem nome. Enquanto isso não acontece, ele vai se divertindo nos estúdios caseiros e nos pequenos bares, brincando de ser o rockstar que já é.

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ARTISTA: Stone Gossard
MARCADORES: Pop Rock, Rock, Soft Rock

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.