Resenhas

Strausz – Spectrum: Vol. 1

Primeiro álbum do produtor constrói interessante narrativa para mostrar suas qualidades

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Ano: 2015
Selo: Independente
# Faixas: 12
Estilos: Funk, Soul, Indie Pop
Duração: 37'
Nota: 4.0
Produção: Diogo Strausz

Penso que o primeiro palpite meu e de muita gente sobre a razão de um produtor lançar um álbum seria uma espécie de “cartão de visitas”, uma reunião de trabalhos que demonstrassem seu potencial como músico – como um “portfólio”, se preferir. Ouvir Spectrum: Vol. 1, por outro lado, passa sempre a perspectiva de que Strausz precisava de um espaço seu para colocar em prática as ideias que desenvolvia enquanto produzia outros artistas.

Para fazer isso, ele escolheu uma ambientação quase cinematográfica para estabelecer uma narrativa que passeia por doze faixas de estilos variados para contar, com a ajuda de músicos de primeira, uma história de egocentrismo e narcisismo – e não são esses motivos frequentes para artistas gravarem discos?

Após a simpática introdução (Chibom), a faixa Narcissus (uma das melhores não só do álbum, mas da temporada) explicita o tema. É a apresentação do personagem que rumará em sua jornada, na qual tem a oportunidade de experimentar com vários valores que ligam-no às outras pessoas – do amor erótico ao familiar -, mas, no fim, permanece com seu núcleo narcisista inalterado.

Isso acontece ao perceber que não está sozinho nesse espírito (“Os humanos querem apenas se amar, encher o mundo de outros humanos”, em Me Ama) e a conclusão não poderia ser outra senão a ilustração interpretada por Alice Caymmi em Diamante: A história de uma mulher que sabe impôr suas condições para viver o amor que deseja. Realmente, é tudo vaidade.

O que fica pro ouvinte é uma coleção de músicas para as quais meras classificações serão sempre insatisfatórias – prepare-se para caminhar por estilos daqui e de lá, de ontem e de hoje. Por falar nisso, Spectrum: Vol. 1 parece ambientar-se anos antes de Strausz ter nascido, nos guetos boêmios de uma cidade cheia de almas independentes que buscam uma expressão maior seja no Funk, seja na música romântica e brega.

E é ai que, invariavelmente, o produtor tem em mãos, sim, um ótimo portfólio, já que revela não só a maneira como sabe aproveitar cada um dos músicos de seu elenco, mas também sua inquietação criativa, que faz com que ele emprenhe-se em um trabalho desses. Isso, porém, é detalhe, é apenas a causa. Ficamos com um disco surpreendente com várias faixas candidatas a favoritas e, como o “Vol. 1” do título sugere, a boa promessa de mais novidades no futuro.

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ARTISTA: Strausz
MARCADORES: Funk, Indie Pop, Soul

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.