Resenhas

Suede – Bloodsports

Grupo retorna após onze anos com um disco repleto de nostalgia e perfeito para os fãs. A sensação final é que ainda estamos na década de 1990

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Ano: 2013
Selo: Warner Bros.
# Faixas: 10
Estilos: Britpop, British Rock
Duração: 39:46
Nota: 3.0
Produção: Ed Buller

Suede foi notoriamente uma das bandas mais importantes para a cena Britpop em meados da década de 1990, momento em que não só figurava no topo das paradas de sucesso mas também compartilhava com Oasis e Blur um papel de liderança na música britânica. Seu último álbum, um fracasso comercial e sonoro, pôs um fim à banda em 2002, a qual posteriormente voltaria as atividades de turnê com inclusive um belo show na edição do ano passado do Planeta Terra. Bloodsports é o retorno do grupo aos estúdios de gravação, um disco que traz uma boa nostalgia de bons tempos.

Suede não mudaria as suas raízes para um novo lançamento. Não espere aqui qualquer inovação em seu som ou introdução de elementos novos: o segredo de Bloodsports está no controle do risco. Digo isso pois as expectativas em relação a uma nova obra poderiam ser facilmente quebradas se um movimento em falso fosse realizado. Aqui vemos o Britpop completo, em belas baladas, riffs de guitarra característicos da carreira do grupo e o vocalista Brett Anderson mostrando todas as suas facetas vocálicas e de showman.

A ordem das músicas em um disco é importante e posso afirmar que a escolha feita aqui se mostra errada. Ao invés de equilibrar a estrutura do disco entre os momentos mais agitados e calmos, a produção acabou preferindo colocar todo o peso e energia no começo, para depois ao fim acalmar o público. Tal escolha cansa o ouvinte, pois balada atrás de balada quebra todo o ritmo proposto da obra. Logo, não pense no álbum como um sequência, e sim uma série de boas músicas espalhadas. Barriers canção inicial, traz um riff épico com um abertura perfeita para a beleza da voz de Brett. Seu jeito de cantar mostra-se inspirador para outras bandas que vieram depois, como Placebo. O Pop de “Britpop” vem de pessoas como Anderson, uma forma apelativa de se expressar que acaba agradando a todos.

Snowblind lembra os melhores momentos do grupo na sua segunda fase, a de Coming Up (1996). Prepare-se para não tirar da cabeça o refrão. Aliás, as letras do grupo, muito questionadas no início de sua carreira, consideradas infantis de certa forma, são mais “normais” para os tempos atuais e podem ser uma evolução em sua composição. A dramaticidade realizada por Brett é exposta em baladas como Always e What Are You Not Telling Me?, a primeira com um linha de guitarra jogada, que passa e se mescla à sua voz, e a segunda toda conduzida no piano e com toques mais “grandiosos”.

Voltamos à década de 1990, quando escutamos as ótimas e melhores momentos do disco: It Starts and Ends with You, uma canção sexy que expõe o lado showman do grupo, faixa facilmente imaginada em um show, e Hit Me. Essa, aliás, tem todos os trunfos para uma canção desta época, como introdução na bateria com um baixo que a acompanha no mesmo tempo e um riff de guitarra que se encaixa a tudo isso. Brett canta como se o tempo não tivesse passado, ecoando sensações já esquecidas.

Um bela nostalgia ja permeava todo o retorno da banda, com inclusive um público mais velho aproveitando o show do Suede em território nacional como se ainda fosse adolescente, algo incrível. O disco segue o mesmo caminho, sem inovar e jogando seguro, defensivamente. O resultado final é algo que qualquer fã já esperava, mas sem se mostrar espetacular e inovador a ponto de atrair outro público ou mesmo constar nos melhores momentos da discografia do grupo. Um bom álbum, com uma ordem bizarra de músicas e que deve garantir um Suede mais tranquilo para que em um próximo disco possar alcançar, talvez, voos mais arriscados e diferenciados.

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BOM PARA QUEM OUVE: Blur, Oasis, Pulp
ARTISTA: Suede
MARCADORES: British Rock, Britpop

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.