Sunflower Bean é um trio novaiorquino que despontou recentemente no cenário da música mundial. Seu primeiro álbum, Human Ceremony, é de 2016, e atraiu nossos ouvidos a ponto de figurar entre as indicações da seção Ouça do site com a afirmação categórica: “é muito bom, você tem que ouvir”. Tal sentença, dita assim com tamanha intimidade, não acontece por acaso, e sim porque o som da banda suscita algo de muito familiar, que faz valer aquela indicação a um amigo numa conversa despretensiosa.
A banda é cria do Brooklyn e não tarda muito até que os primeiros trejeitos dessa geografia comecem a aparecer em Twentytwo in Blue. A primeira dela está no discurso de uma banda formada por integrantes de vinte e dois anos de idade que ultrapassam a aurora da vida e agora começam a olhar com ansiedade para o futuro que não tarda a chegar. A segunda está no clima Synthpop Psicodélico de suas músicas: é possível recolher influências aqui e ali de Beach Fossils, Beach House e, enfim, dessa geração de bandas que enxerga no reverb uma metáfora aquática e, consequentemente, da passagem do tempo. A terceira está na nostalgia – do visual setentista dos integrantes até o resgate da sonoridade de Fleetwood Mac ou The Byrds que se preocupa, mais até do que a vibe de suas músicas, com o artesanato das canções.
E vale dizer que Twentytwo in Blue é um exemplar compacto e bem amarrado de ótimas canções – simples, melodiosas e protagonizadas pela voz articulada de Julia Cumming. No entanto, ainda desponta no ouvinte aquela vontade de ver a banda ultrapassar a barreira da semelhança com seus pares: o tema, em entrevistas, parece incomodar sintomaticamente os membros do grupo que se apressam em explicar que o seu som é muito próprio e surgiu naturalmente no processo de ensaios. Bem, um olhar atento verá que um dos pontos fortes da banda é justamente adaptar-se também às exigências do hype, sendo descolado e familiar na medida certa – clipes patrocinados pela Urban Outfitters e sessões na Vogue ajudam a criar um clima de aceitação dentro de um imaginário do universo da moda, por exemplo.
Twentytwo in Blue é, portanto, uma banda afiada e com o aval da cena para figurar entre as protagonistas do Indie dos próximos anos. Aos poucos, sua personalidade vem desabrochando em uma estética mais hippie articulada com influências contemporâneas, exatamente como o nome da banda parece pedir que aconteça. Fica a dica.
(Twentytwo in Blue em uma músicas: I Was a Fool)