Resenhas

Superchunk – I Hate Music

Trazendo o melhor do rock noventista, novo disco do famoso conjunto agrada novos fãs e oldschools também

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Ano: 2013
Selo: Merge Records
# Faixas: 11
Estilos: Alternative, Indie Rock
Duração: 37:39
Nota: 4.5

Superchunk é uma dessas bandas que poderia ser uma amiga nossa, a qual, de tempos em tempos, manda lembranças e presentes. Nesses termos, seria aquela nossa amiga dos anos 90, do colégio ou da faculdade, dependendo da idade do ouvinte. E ver que a banda ainda é capaz de produzir um disco como I Hate Music é como receber um alô desta menina, que não aparece sempre, mas, quando o faz, é como se nunca deixasse de estar perto.

Formada em Chapel Hill, no distante ano de 1989, Superchunk pertence àquela adorável geração de bandas americanas que surgiram quando ser alternativo ainda significava algo de concreto, não havia internet e todos davam o sangue pra comprar discos e ir a shows nos buracos mais próximos da cidade. A sonoridade também está naquela mistura equilibrada de Lo-fi, Punk Americano e melodia, na qual convivem em harmonia Neil Young, Replacements e Pixies. Aqui no Brasil eles começaram a ser ouvidos e cultuados a partir do quinto disco, lançado em 1995, Here’s Where The Strings Come In, sempre com a sonoridade retratando a harmonia entre barulho e melodia.

Superchunk nunca ultrapassou os limites da segunda divisão do Rock gringo. Sempre teve essa tendência para ser a banda querida de poucos, o grupo de estimação de gente legal e, ao longo da década de 1990, produziram sete álbuns. Se o disco de 1995 os colocou no mapa por aqui, o de 1999, Come Pick Me Up, serviu para popularizá-los um pouco mais e apresentar canções como potencial pop como Hello Hawk. Este disco e o seguinte, Here’s To Shuttin Up, de 2001, foram lançados no Brasil pela extinta Trama. Apesar de contribuir com trilhas sonoras e aparecerem ao vivo em alguns momentos, a década de 2000 passou batida pela banda, ou vice-versa. Até 2010, quando lançaram Majesty Shredding, o Superchunk ficou de molho.

Eis que surge 2013 e a banda volta com um belíssimo disco, sintomaticamente chamado de I Hate Music. Aqui podemos ver o quanto essa geração anos 90 de bandas Indie é totalmente diferente do que veio depois. Esse pessoal foi capaz de melhorar com o tempo, de produzir texturas de guitarras como em FOH, por exemplo, que entremeia o balancinho dançante com acordes que fazem a cama para a melodia. Mais que isso, em Overflows, a música de abertura, há a transição da voz-violão com raivinha para a entrada do restante da banda e a gloriosa desembocada num afluente Rock ‘n’ Roll clássico, de têmpera Folk Rock. Outras canções como Low F e Out Of The Sun são puro anos 90, lembrando os momentos mais melodiosos de Pavement ou Sebadoh. E há a surpreendente rendição a um hardcore adolescente maluco de pouco mais de um minuto, chamado Staying Home, que nenhuma bandeca de hoje parece ter sangue suficiente nas veias para fazer.

I Hate Music é uma provável sacanagem com a música Pop atual ou um mero título espertinho para um disco, mas seu conteúdo é puro Rock Noventista e deve agradar em cheio aos novos velhos de plantão. Não deixe de ouvir.

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ARTISTA: Superchunk
MARCADORES: Ouça, Resenha

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.