Por conta da onda de intolerância que tem ganhado força mundialmente nos últimos anos, clamaram os mais saudosos que o movimento Punk haveria de voltar. Faz sentido pensar assim, uma vez que alguns adeptos do movimento, a partir da virada dos anos 80, lutavam nas ruas, literalmente, contra organizações fascistas.
O Punk pode não ter ressurgido enquanto a força de ruptura que uma vez foi, mas não há dúvida que a centelha contestatória renasceu no coração de alguns músicos que já viveram o momento. Esse parece ser o caso de Superchunk, representante fiel do Hardcore dos anos 90 que, agora, vê uma necessidade de meter o pé na porta e dar uma proverbial cuspida na cara do establishment.
Superchunk é agora uma banda de cinquentões veteranos, na ativa desde 1993. No entanto, o Rock alternativo de Mac McCaughan e companhia agora abandona os dilemas existenciais de sua música em favor de algo mais direto. O motivo, como sabemos, é Donald Trump, ou, quem sabe, até mesmo algo maior: a representação da intolerância e da burrice por aqueles que ocupam cargos de poder. O título What a Time to Be Alive é sarcástico, subvertendo uma expressão originalmente otimista para um contexto de protesto. A expressão ganha vida, faixa título, em versos como “The scum, the shame, the fucking lies/Oh, what a time to be alive”.
Com uma sonoridade ardida e um senso de urgência o álbum distribui cotoveladas sonoras ao longo de suas onze faixas. É um momento importante para os nostálgicos do Punk, e chama a atenção para uma energia explosiva que ajuda a gente a encarar tempos difíceis. Se essa é sua pegada, pode ir sem medo.
(What a Time to Be Alive em uma música: What a Time to Be Alive)