Resenhas

Swearin’ – Fall Into The Sun

Grupo reúne melhores características de um Indie Rock adolescentesco em ótimo disco

Loading

Ano: 2018
Selo: Merge Records
# Faixas: 11
Estilos: Indie Rock, Garage, Noise Punk
Duração: 33:00
Nota: 3.5
Produção: Swearin'

O conjunto norte americano Swearin’ parece ser um ponto sob o qual agem diversas influências. Composto por nomes envolvidos em diversos projetos do resistente cenário estadunidense, dos quais se destaca Allison Crutchfield (Waxahatchee), a banda tem uma sonoridade construída de forma a esboçar as particularidades de um gênero visto às vezes como uniforme e pouco inventivo. Em poucos discos, dos quais se destaca o autointitulado de 2012, tivemos a chance de escutar um Indie Rock de raiz que usava das melodias extremamente pegajosas para compor verdadeiros diários emocionais e, apesar de um pequeno hiato entre 2015 e 2017, o grupo retorna com nova formação decidido a explorar um pouco mais desta miscelânea nostálgica.

Neste terceiro disco, somos tentados a dizer que o grupo está mais maduro e consciente do poder de suas composições. Apesar de a segunda ser verdadeira em qualquer contexto, a primeira afirmação parece ir contra à própria essência de Fall Into The Sun. O que faz deste retorno de Swearin’ tão potente é justamente a vontade de não crescer e revisitar todo aquele espectro emocional de tempos atrás, porém com olhos adultos. Desta forma, o Indie Rock adolescentesco e as texturas distorcidas típicas dos anos 1990 estão presente com força e o olhar mais experiente dos integrantes permite que eles criem estratégias mais eficazes para nos cativar com as melodias. É irônico como a banda soa mais madura justamente negando esta maturidade. É totalmente Punk.

Introspectivos como um diário, o disco começa com Big Change, um dueto simpático e despretensioso de guitarra e a voz de Allison que logo é interrompido pela explosiva banda em volume total, anunciando que começou a revolta. Com um baixo impiedoso e distorções caprichadas no ganho, Grow Into A Ghost estabelece seu viciante riff em meio a uma cortina de som que nos envolve a partir dos primeiros segundos. As graves guitarras de Treading dão um toque quase Grunge ao disco, em uma mistura de desesperança e rebeldia jovem. O Indie também tem um espaço bastante claro na mistura que Swearin’ propõe e a composição em que isso fica bem evidente é Smoke or Steam. Future Hell encerra o disco na mesma toada melódica que começou, com vocais despretensioso que te instigam a cantar mesmo que não seja lá aquelas coisas.

Apesar de uma sonoridade bastante jovem e crua, o grupo mostra os sinais de que avança entendendo bem seu lugar. Pode ser encarado tanto como um registro que traz referências fortes do começo do Indie Rock, bem como um álbum que traz a firmeza de uma identidade sólida e comprometida com seus valores. Uma terra da nunca para nunca sair de dentro.

(Fall Into The sun em uma faixa: Grow Into a Ghost)

Loading

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique