Resenhas

Tape Rec – Death Friends EP

Lê Almeida e sua banda mergulham em referências dos anos 90, bebendo direto da fonte de bandas como Sonic Youth, Dinosaur Jr. e Pavement, para criar sua nova obra

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Ano: 2013
Selo: Transfusão Noise Records
# Faixas: 7
Estilos: Indie Rock, Noise Rock
Duração: 36:40
Nota: 3.5
Produção: Lê Almeida

Assim como em Pré Ambulatório, mais recente trabalho de Lê Almeida, o disco Death Friends, de sua banda Tape Rec, apresenta um ótimo casamento entre barulho e melodias cativantes, capaz render uma audição fácil e prazerosa. Capaz até mesmo de prender a atenção de quem não gosta dos extremismos do Noise Rock.

Tendo como base a musicalidade do Sonic Youth, Almeida e seus companheiros sabem fazer referência ao quarteto norte-americano, porém traduzindo a proposta deles a um ambiente um pouco menos experimental e um pouco mais limitado às tendências do Indie Rock noventista e por conta disso comparações com bandas como Pavement, Dinosaur Jr., Sebadoh e Guided By Voices podem também aparecer durante a audição dos pouco mais de 36 minutos de disco.

Todas essas influências confluem em faixas em que a parte instrumental muitas vezes sobrepõe os vocais, que acaba por se tornar quase um adorno em meio ao caos sonoro que elas podem se tornar – ainda assim sem perder o apelo Pop. Lastimável é uma dessas. Ecoando um misto entre Dinosaur Jr. e Sonic Youth, a faixa se divide entre o estrondoso (principalmente ao fim da canção) e o melódico (e é deste segundo que vem o grande apelo das músicas). Mantra / Anagrama faz quase a mesma coisa, porém trazendo o apelo Indie Rock de bandas como Pavement.

Se o ímpeto experimental se mostra timidamente na maior parte das músicas, a maior delas, Impro Paz (com mais de 16 minutos e se tornando quase metade do álbum), se mostra uma grande peça de tentativas e erros regados a muito barulho. Resultado de frenesi ao tratar a guitarra, os ruídos tomam conta de grande parte da canção, enquanto um leve groove do baixo e uma bateria simplória formam loops para guiar estas experimentações. Com sessões bem distintas, a única constante é o guia empírico da faixa.

Em um disco bem amarrado e que dialoga muito bem com o barulho, Funeral é uma feliz surpresa ao fim do álbum. Ainda que o Lo-Fi seja presente, assim como em todo Death Friends, aqui ele é criado sob um plano de fundo mais intimista e nada ruidoso. Algo que pode lembrar os primeiros anos de Elliott Smith, até mesmo pelo conteúdo pesaroso da lírica.

Seguindo a risca essa proposta revivalista, o grupo trabalha muito bem com esses elementos já preestabelecidos e cria um ótimo disco nesses parâmetros. Ainda assim, alguém toque de inovação seria interessante para dar à banda novos caminhos a se seguir em futuras produções.

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BOM PARA QUEM OUVE: Pavement, Lê Almeida, Sonic Youth
ARTISTA: Tape Rec
MARCADORES: Indie Rock, Noise Rock

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts