Cinco anos após o sucesso de seu álbum completo, Hospice, o grupo nova-iorquino liderado por Peter Silberman retorna com mais um ótimo trabalho. Familiars é o lançamento da vez, de nove faixas, e que não deixa nada a desejar em comparação aos pontos altos da carreira do grupo até então.
Familiars mantém The Antlers em território conhecido: uma sonoridade etérea, de guitarras tranquilas e espaçadas, uma bateria discreta e solos de trompete que criam, sempre temperados com muito reverb, uma espécie de ambiente particular, uma câmara na qual se instaura um clima e um tempo que pertencem unicamente às histórias de Familiars.
Isto porque o álbum parece composto de uma única canção. Longe de ser um problema, é justamente graças à semelhança de suas composições que o álbum se torna coeso e com sua definição bem-sucedida eleva a qualidade do trabalho. De temas um pouco menos sombrios do que Hospice, Familiars continua, contudo, com seus conflitos mentais a respeito dos problemas que dizem respeito à própria vida e á sua relação com as pessoas. Aqui, o protagonista (claramente uma dimensão pessoal do próprio Silberman) tenta se colocar numa posição afastada da própria vida para analisá-la de fora. Por isso, talvez, o tema do “duplo” seja tão recorrente (como na faixa Doppelgänger), um recurso metafórico que faz às vezes de um diálogo interior, frente-a-frente consigo mesmo.
De melodias muito bonitas e bastante coeso, as reverberações de Familiars são capazes de levar o ouvinte ao universo próprio e que está disposto a dialogar intensamente com a própria existência. Mais maduro, porém na mesma linha de seus ótimos trabalhos anteriores, o álbum é mais uma aposta acertada do grupo.