Resenhas

The Bird and The Bee – Recreational Love

Duo sofistica o Pop sem sentirmos falta de um som mais orgânico

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Ano: 2015
Selo: Rostrum
# Faixas: 10
Estilos: Electro Pop, Synthpop, Soft Rock
Duração: 35:00
Nota: 3.5
Produção: Alex Pasco e Julian Burg

Peço licença para um breve eu-lírico nesta resenha (juro que será breve). Se você tem uma mente entupida de referenciais de videoclipes como eu, uma filha dos anos 80, possivelmente acaba conectando um disco a uma dezena de cenas descontextualizadas entre si, mas fortemente amarradas ao que chega aos ouvidos. Peguemos, por exemplo, o quarto disco de The Bird and The Bee, Recreational Love.

O play me traz à mente uma sorte de aplicações deste refinado Electropop distribuído em dez músicas. Vai provar a tão desejada roupa de festa? Vai rolar aquela vernissage disputada? Tá em casa sozinho(a) mas a taça de vinho tá garantida? Tá rolando aquele casamento ao pôr do sol e logo na hora em que oferecem as entradinhas frias você dá aquele espontâneo sorriso com o cabelo balançando?

São inúmeras as imagens coladas a essas músicas, e me agrada concluir que Los Angeles pode desde inspirar uma lembrança (ficcional mesmo, nunca fui) da ensolarada Califórnia, como também evocar aquele momento em que decoramos as mesas com flores para um evento muito importante. Essa versatilidade entre realidade e ficção promovida pelas músicas é um grande mérito desse disco. Inara George (voz, e que voz) e Greg Kurstin (multinstrumentista) deixam os ritmos correr livremente pelas veias pop, e justamente por não se preocupar é que tenham criado um trabalho tão solto intencionalmente, mas amarrado sensorialmente. Inara canta o desapego com a opinião alheia na deliciosamente chicletenta Will You Dance, e de fato ela cumpre isso em termos sonoros.

Decomposto, o álbum é feito de dez músicas, cinco anos de produção, 35 minutos, sintetizadores, baixo, umas dobras no vocal, percussões pontuais e uma dúzia de momentos muito assobiáveis, extraídos essencialmente das músicas já citadas e também de Doctor e Recreational Love. Kurstin é nome conhecido por suas produções com Sia, Lily Allen, Kylie Minogue e Beck, mas Inara oferece tampa a uma panela que se achava frigideira, e essa simplória metáfora culinária é recíproca para a cantora.

Houve um momento na história recente em que indústria e crítica se dobraram ao Soft Rock de Destroyer e ao Retrô Pop Cintilante da trilha do filme Drive. O que parecia apenas uma fase até mesmo exaustiva foi apropriado, sem data de validade, por The Bird and The Bee. É uma bela dosagem do Soft Rock, do Jazz e da dinamicidade dos sintetizadores. Os vocais aparecem refinados, e arrisco dizer que esse disco tem aquele “quê” de sofisticação de bombom de casamento. Chama a atenção pelo visual, e agrada em cheio.

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BOM PARA QUEM OUVE: Metronomy, Destroyer, Feist