Resenhas

The Crystal Method – The Crystal Method

Duo de música Eletrônica se mantém no mapa com disco cheio de participações especiais

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Ano: 2014
Selo: Tiny E Records
# Faixas: 11
Estilos: Eletrônica
Duração: 49:11
Nota: 3.0
Produção: Ken Jordan, Scott Kirkland

Pare e pense: qual gênero de música Pop é mais capaz de refletir a época em que vivemos? Aquele cuja produção e execução é a mais “fácil”, dentro do universo de habilidades específicas que instrumentos musicais demandam e que podem ser, instantaneamente, dribladas com sucedâneos mil? Talvez por essa encruzilhada estética-pessoal-moral, que ela seja tão fascinante e tão pródiga em refletir comportamentos e tendências. Música Eletrônica é um futuro no presente, é uma olhadela num tempo que ainda não chegou, mas que chegou. Parece complicado, mas é assim mesmo. Talvez isso explique porque é muito difícil manter-se up to date quando você é um “artista” que se dispõe a trilhar sua carreira neste terreno.

Com os americanos The Crystal Method não é diferente. Surgidos em 1997 a bordo de um disco bem legal chamado Vegas, Ken Jordan e Scott Kirkland se filiaram à uma vertente que se chamava Breakbeat, marcada pela ênfase em batidas derivadas do Hip Hop, devidamente amplificadas e “quebradas” com a intenção de provocar pequenas alterações de ritmo e andamento, sempre visando mais marcação e peso. Era o terreno de gente como Fatboy Slim, por exemplo, que preparava-se para a conquista do planeta a partir de sua tendência para fanfarronice, insinuada apenas mais tarde. Enquanto lançou discos como Better Living Through Chemistry (1996), Fatboy reinou supremo. É de se estranhar que um duo do eixo Las Vegas-Los Angeles tenha surgido para participar dessa grande festa de batidas. Quando Vegas surgiu para o mundo com o sucesso Busy Child”- que foi parar até na trilha do Fifa 98 – era certo que a dupla merecia ser conhecida como “a resposta americana a The Chemical Brothers”.

Hoje, 17 anos depois de sua estreia, o duo lança seu quinto disco. A capa e o título, contendo apenas o nome da banda, apontam para uma tentativa de afirmar sua identidade. Afinal de contas, se no fim dos anos 1990 a música eletrônica não parecia mais vinculada a uma individualidade, imagine em plenos anos 2010. A ideia é contar com participações especiais de gente nem tão apegada aos ritmos eletrônicos, como a cantora de Country Pop LeAnn Rhimes, que aparece em Grace, e a menina alternativinha Dia Frampton, que abrilhanta com vocais a boa Over It. Outras canções simpáticas aparecem em meio a participações: Storm The Castle tem a participação de Le Castle Vania, Difference traz o guitarrista Frankie Perez e After Hours conta com a presença do duo Afrobeta.

Entretanto, as melhores faixas de The Crystal Method não contam com nenhuma presença especial. 110 to 101 inicia climática e casual, aumentando o nível de tensão e ansiedade, mantendo-se no limite, enquanto The Jupiter Shift, após climas indefinidos, cai na pista de dança de maneira atemporal, mostrando que poderia estar no tracklist de Vegas sem muito esforço. Este novo trabalho da dupla pode não trazer a novidade ou o frescor dos anos 90 ou mesmo de discos posteriores, como o bom Tweekend (2001), mas a mantém no mapa. Bom disco.

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Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.