Resenhas

The Drums – Abysmal Thoughts

Quarto disco do grupo traz muita nostalgia e pouca inventividade

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Ano: 2017
Selo: Anti
# Faixas: 12
Estilos: Surf Pop, Indie Rock
Duração: 49:01
Nota: 3.0
Produção: The Drums

The Drums é uma banda guerreira. Sobrevivente do Indie Rock do começo dos anos 2010, o grupo passou pela saída de um de seus principais integrantes em 2014 e, mesmo assim, conseguir reunir forças para produzir um disco. A banda quase acabou neste período e mesmo com a posterior repercussão negativa de Encyclopedia, terceiro disco do conjunto, seus integrantes pareceram se abalar pouco com todo este percurso, seguindo firme com turnês e parcerias dos tempos seguintes. Três anos se passaram e um novo disco foi anunciado, uma ação perigosa, já que os poucos remanescentes daquele cenário Indie cada vez mais esgotam as possibilidades tentam insistir em sonoridades datadas. Pois bem, The Drums voltou, mas parece que houve uma confusão com relação a seus últimos lançamentos.

A impressão é que Abysmal Thoughts deveria ter sido lançado no lugar de Encyclopedia, uma vez que ele parece ser o sucessor natural de Portamento, segundo trabalho da banda. Neste novo registro, a banda parece resgatar um pouco mais as estruturas que lhe renderam fama: um Indie Rock singelo e melancólico, apostando em riffs simples e pegajosos. Assim, ao escutar estas novas doze faixas, podemos sentir alguma nostalgia bem viva, o que alguns podem encarar como uma reafirmação maior da identidade que criaram há cinco anos, ou uma preguiça criativa que preferiu encarar a certeza do sucesso que as fórmulas do passado comprovaram ter. Seja como for, esse é um trabalho que reafirma as melhores características de The Drums, colocando alguns diferenciais que acabam ficando em segundo plano, como o uso de metais, corais e mais percussões.

Mirror abre o disco como uma faixa que poderia estar facilmente em um dos dois primeiros discos da banda, com os famosos riffs de três notas e batidas constantes. Já I’ll Fight For Your Life tenta mostrar algumas novidades, investindo mais em sintetizadores mas mantendo aquela batida Indie dançante. Heart Basel aposta em um simpático Rock que evoca algumas referências bastante conhecidas, como The Cure. Under The Ice mantém a mesma célula rítmica de algumas músicas do disco, fato que pode entediar um pouco ouvinte a esta altura do álbum. Your Tenderness é uma das faixas que tentam mostrar alguma inventividade, explorando novas formas de colocar elementos conhecidos como os sintetizadores e acrescentando metais para causar uma nova forma de melancolia. Rich Kids é a mais crua do registro, reduzindo a influência dos elementos eletrônicos ao mínimo possível e a faixa que dá nome ao registro termina esta experiência de uma forma pouco conclusiva, como se fossem apenas mais uma faixa do disco, sem qualquer diferencial.

Seis anos separam este disco da obra prima da banda, Portamento. É um disco bastante nostálgico que pode agradar bastante aos fãs da banda. Há uma dose de inventividade, o que é certamente marcante e saudável para uma banda como The Drums, o que não chega a ser algo surpreendente ou inovador. No final das contas, temos um disco interessante que acrescenta mais um capítulo bem escrito à história do grupo, mas sem necessariamente ter algo de novo para mostrar. Um trabalho fechado e com algumas coisa a dizer, nada mais.

(Abysmal Thoughts em uma faixa: Your Tenderness)

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BOM PARA QUEM OUVE: DIIV, Beach Fossils, Wavves
ARTISTA: The Drums
MARCADORES: Indie Rock, Surf Pop

Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique