Resenhas

The Evens – The Odds

O “Casal 20” do Post-Punk de Washington volta depois de seis anos com seu terceiro disco e mostra um de seus trabalhos mais sólidos

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Ano: 2012
Selo: Dischord Records
# Faixas: 13
Estilos: Indie Rock, Post-Punk
Duração: 40:06
Nota: 4.0
Produção: The Evens

“Se é que isso existe, The Evens é o que acontece quando o Post-Hardcore se transforma em Post-Post-Hardcore”. Essa definição dada à banda pelo The Washington Post nunca fez tanto sentido quanto agora que Ian MacKaye parece não ter mais problemas em reassumir a musicalidade herdada da época em que fazia muito barulho com o Fugazi. Veja, a essência é mesma, mas não o nível de barulho.

Todo o período, quase dez anos, de hiato do Fugazi e que passou ao lado de sua companheira de banda e esposa Amy Farina fizeram com que MacKaye amadurecesse suas letras, sua forma de tocar e sua música em geral e além do fator temporal, este é um projeto colaborativo e como tal traz influências dos dois lados – Amy também esteve envolvida com a cena Post-Punk de Washington -, portanto, espere ver muito dele por aqui, ainda que reprocessado.

The Odds é o terceiro disco da dupla e vem depois de seis anos de seu antecessor, Get Evens. E aqui, o estilo da banda continua basicamente o mesmo, com um som quase nu e que vai direto ao ponto e, sem muita frescura, se concentra nas harmonias vocais do casal, bateria precisa e às vezes furiosa de Amy e guitarra barítono de MacKaye (que é quase uma guitarra normal, mas tem um som mais robusto e grave, gerado por algumas diferenças estruturais do instrumento). Em Competing With The Till, piano e metais criam uma pequena Jam, mas esse é um momento impar no disco.

Mesmo que composto praticamente por dois instrumentos, o duo consegue criar uma musicalidade intensa e sem espaços vazios. Nas faixas em que a guitarra se encontra agitada, a bateria diminui o ritmo e, nas que a guitarra desacelera, a bateria é que cria um clima frenético, como se fosse alguma espécie de cumplicidade que só casais conseguem alcançar. Isso fica evidente em faixas instrumentais, como Wonder Why ou KOK (mesma melodia da faixa de abertura King of Kings), ou em faixas mais potentes como Sooner Or Later e This Other Thing.

Essa sonoridade crua, na verdade, potencializa o melhor ponto da banda: as letras. Comentários, protestos e críticas sociais estão presentes por toda a parte e se erguem em cima de faixas desnudas e que parecem expor ainda mais o lirismo contestante de MacKaye e Farina. Os temas são diversos e vão de sátiras ácidas ao sistema carcerário em Wanted Criminals a alfinetadas na indústria da música e sua ganância em Competing With The Till. Tudo isso ganha ainda mais força através da inquietação e potência dos vocais do casal, especialmente de Amy nas ultimas faixas do disco.

Com três discos extremamente sólidos, Ian e Amy, mesmo já tendo passado por inúmeras bandas, tem nas mãos um projeto que pode ser colocado no topo da carreira de ambos os músicos. E, especialmente em The Odds, mostram que os seis anos de interrupção (para cuidar de seu filho que nasceu nesta época e estampa a capa do álbum) não os fizeram perder em nada a energia de seus discos anteriores.

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ARTISTA: The Evens
MARCADORES: Indie Rock, Post-Punk

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts