Resenhas

The Internet – Ego Death

Terceiro disco do grupo é reflexo de diversas mudanças internas e externas

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Ano: 2015
Selo: Odd Future LLC
# Faixas: 12
Estilos: R&B, Funk, Soul, Hip Hop
Duração: 56"
Nota: 4.0
Produção: Matt Martians

Muita coisa mudou de 2013, ano de lançamento de Fell Good, para cá na carreira de The Internet. O sucesso atingido com seu segundo álbum, o detentor de um dos maiores hits daquele ano, Dontcha, catapultou a carreira da então dupla de membros do coletivo Odd Future (proeminente grupo de rappers que despontou nos anos anteriores com seu arrojado e furioso misto de habilidades). Em 2015, The Internet já não é só mais uma dupla e digo não só no sentido do grupo ter triplicado seu tamanho, mas também por ser um nome que se destaca tanto quanto Tyler, The Creator, Earl Sweathshirt ou Frank Ocean – isso sem contar o fim do coletivo que o trouxe à luz dos holofotes.

Ego Death é o fruto desse período e de um amadurecimento no som do grupo. O duo fundador, a vocalista Syd tha Kid e o produtor Matt Martians, se mostra bem mais confiante agora, o que rende um disco mais honesto, não só no sentido de não ser carregado por um hit muito forte (e por funcionar melhor como álbum por conta disso), mas também por ter um teor mais pessoal. A vocalista demonstra grande autenticidade e possui letras que revelam mais dela e de seus relacionamentos. Batendo novamente na tecla da honestidade, esse disco me parece mostrar em sua superfície bem mais de quem é Syd e Matt do que seus anteriores fizeram depois de uma analise mais profunda.

Não chega a ser um disco conceitual, mas se mostra bem amarrado pelo teor “fim de relacionamento” que costura toda a obra. E isso fica claro logo com a abertura Get Away e seu tom melancólico (que casa muito bem com a batidas e os sintetizadores mais sombrios). A funkeada Just Sayin/ I Tried escancara isso com a repetição de versos como “I don’t love you no more” e “you fucked up”, além de trechos como “Used to be you and me, young and in love/Honestly used to think love was enough” e “Now I don’t even want you/Can’t believe I wrote another song about you”. A temática é comum dentro do R&B, mas aqui ela é representada com muito carisma e sinceridade – algo que rende muitos pontos pro disco. Tudo isso é envolvido por uma tensão sexual e um erotismo inerente às faixas, como se, mesmo como o coração partido, ainda houvesse a vontade de se seduzir quem se perdeu.

A parte da produção é outro elemento que salta aos ouvidos quando comparado aos outros álbuns. Há mais detalhes e elementos no mix de Martians (o que justifica a incorporação de novos integrantes na banda), agora com algo mais “classudo”, por mais que trabalhe novamente com os mesmos elementos do Funk, R&B, Soul e Hip Hop. Tyler, The Creator, que participa da faixa Palace, até mesmo comentou e exaltou a escolha do produtor em usar batidas e baterias mais fortes em uma recente entrevista. O rapper ainda comentou que “Syd é mais Syd neste disco”, análise que podia ser estendida como “The Internet é mais The Internet” nesse disco.

Ego Death é um salto e tanto em relação ao seu antecessor e mesmo que não tenha um Dontcha (e talvez a faixa que mais tenha chance de postular como hit seja a ótima Girl, que conta com a participação de Kaytranada e um quê bem sexy), é um disco com fundações bem mais sólidas, seja na parte lírica (ou mesmo na performance vocal de Syd) ou na parte de produção (agora bem mais rica e detalhada). Com esse disco, o grupo se firma (novamente) como um dos atos mais proeminentes e de qualidade garantida do finado coletivo Odd Future.

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BOM PARA QUEM OUVE: Quadron, The Weeknd, Frank Ocean
ARTISTA: The Internet
MARCADORES: Funk, Hip Hop, Ouça, R&B, Soul

Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts