Resenhas

The Kooks – Let’s Go Sunshine

Grupo inglês faz Pop Rock moderno e harmonioso em novo álbum

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Ano: 2018
Selo: Lonely Cat
# Faixas: 15
Estilos: Rock Alternativo, Pop Rock
Duração: 53:05
Nota: 4.0
Produção: Brandon Friesen, Chris Seefried e Luke Pritchard

Empreendedores e startuppers diriam que o novo álbum de The Kooks, Let’s Go Sunshine é uma prova de que a banda de Brighton, Inglaterra, está dentro de sua zona de conforto. Diriam também que “menos é mais” e outros clichês desta verborragia que lhes é tão própria. Estariam, claro, enganados. O novo disco que Luke Pritchard e seus compadres oferecem ao público é uma continuação da abertura de espectro musical proposta pelo trabalho anterior, o ótimo Listen, de 2014. Sendo assim, Let’s Go… tem algumas ótimas canções para oferecer.

The Kooks deixou o Pós-Britpop de lado há tempos e este foi o movimento mais inteligente de sua carreira. Pritchard é compositor talentoso o bastante para se aventurar na seara do que as pessoas costumavam chamar de Pop Rock, aquelas canções que tinham guitarras e peso mas que não abriam mão da melodia, dos refrãos ganchudos e do potencial para cantoria em conjunto nos grandes espaços de show. Este abraço ao Pop foi a tônica de Listen e chega depurado no novo feixe de canções oferecido pela banda. Não há o tanto de percussão e latinidade de branco por aqui, o que tira algum potencial irônico que tenha existido anteriormente e depura as composições para alcançarem o máximo de eficiência.

Assim como o trabalho anterior, este álbum certamente não estará em listas de melhores de 2018, mas pessoas de bom senso haverão de dar valor a pequenas pepitas auriculares que surgem no percurso. Fractured And Dazed, um dos singles que anteciparam o disco, é uma lindeza de balada em midtempo, nem lenta, nem rápida, mas com uma aura de Folk Rock melódico invejável. Four Leaf Clover parece uma composição obscura de The Smiths, com aquela fluência de guitarras, com harmonias belíssimas, arranjos de vocais de apoio supimpas e uma melodia invejável. Picture Frame é uma típica balada noelgallagheriana, com o aceno ancestral à lógica “beatle” de composição, arranjo de cordas, vocais afiados de Pritchard e tudo mais que é necessário.

Outros destaques são a exuberância de Swing Low, outra canção com DNA do Britpop do início dos anos 1990, com arranjo grandiloquente na medida certa, enquanto Weight Of The World remete a gravações do início dos anos 1970, com palmas e violões, num clima levemente psicodélico e o encerramento ao som de No Pressure sintetiza o espírito do disco: transmitir uma ideia de calma, mente cheia de positividade e apreço pela felicidade que pode vir quando se escuta uma boa canção Pop.

Em tempos de tantas convenções insípidas e papo furado, The Kooks chega para lembrar as pessoas do que realmente importa em termos de boas canções. Uma belezura para ouvir no parque depois do almoço, naqueles domingos de sol que estão por vir, se tudo der certo.

(Let’s Go Sunshine em uma música: Four Leaf Clover)

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BOM PARA QUEM OUVE: Kaiser Chiefs, The Libertines, Kasabian
ARTISTA: The Kooks

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.