Resenhas

The Kooks – Listen

Quarto álbum do grupo inglês amplia influências e traz canções memoráveis

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Ano: 2014
Selo: EMI/Virgin
# Faixas: 11
Estilos: Rock, Rock Alternativo, Pop
Duração: 40:05min
Nota: 4.0
Produção: Luke Pritchard, Inflo e Frasier T. Smith

Tenho absoluta certeza que este novo álbum de The Kooks não estará nas listas de melhores trabalhos de 2014. Tampouco será uma unanimidade entre os fãs do quarteto de Brighton, na Inglaterra. Muitos deles já torceram o nariz para a abertura de espectro sonoro promovida pelo guitarrista, vocalista e cérebro da banda, Luke Pritchard. O que eles perceberão mais tarde (se tudo der certo) é que Listen é uma crocância sonora absoluta, herdando uma tradição dourada e aparentemente esquecida, de bandas de Rock serem capaz de produzir álbuns Pop – no melhor sentido do termo – sem que precisem vender suas almas ao diabo ou algo pior. E o novo disco de The Kooks é isso: diversificado, acessível, cheio de melodias assobiáveis, produção mente aberta e borbulhando de influências adoráveis por todos os lados.

A ordem por aqui é deixar de lado as levadas de guitarra supostamente pesadas, as inflexões Punk dançantes e qualquer resquício de cara de mau/descolete de lado e abraçar as possibilidades que o Pop britânico tem para oferecer ao longo de tanta história, senão vejamos. A abertura com Around Town já mostra corais Gospel sintetizados, bateria marcante e surpreendente (a cargo do novo integrante, Alexis Nunez) e levadas aquáticas de guitarra executadas com precisão, num clima psicodélico que exuma os restos do levante Acid Rock da virada dos anos 80/90. O abraço carinhoso ao Funk de branco oitentista de gente como Duran Duran e, principalmente, INXS, vem glorioso na maravilhosa Forgive & Forget, escrita sobre uma briga de casal num pub londrino. O convite à dança é irresistível e tudo funciona bem nesta típica canção grudenta, aparentemente feita em laboratório com a intenção de não sair da sua mente. A doce levada de bateria introduz a semi-balada Westside, cheia de teclados em cascata, que poderia estar numa colaboração com [Daft Punk] sem qualquer esforço. See Me Now, adorável, é o máximo de balada ao piano que Pritchard consegue compor e arranjar, mesmo que o álbum conte com a simpática presença do produtor londrino de Hip Hop, Inflo, certamente responsável por pepitas como esta.

Os ruídos da cidade introduzem It Was London, cheia de bateria dançante de verdade, mais guitarras funkeadas branquelas, percussão e uma levada que poderia ser de alguma canção de Rolling Stones em algum ponto dos anos 1980. Bad Habit inicia com coro de vozes e deságua em mais uma levada à la INXS, com a bateria de Nunez mandando bem nos efeitos e detalhes de percussão. Down, a primeira faixa a surgir ainda no primeiro semestre, é mais um aceno à produção Pop do início dos anos 1990, com levada quebrada de bateria, palmas e refrão dançante. Dream é acústica, ensolarada, levemente New Bossa, com ruídos do mar e teclados que parecem fora de lugar, mas que dão o tom 2014 à coisa toda. Mais Pop perfeito chega em Are We Electric, grandiosa, feita para estádios e com mais um belo refrão ganchudo. Mais palmas dão a partida em Sunrise, cançoneta sensacional que evoca um clima Aztec Camera meio latino que parecia extinto desde 1985, quando a banda escocesa gravou Still On Fire. Impressionante. Sweet Emotion fecha o disco com alternância de climas, levada com guitarras crocantes, percussão e bateria mixada com grandeza.

Ao expandir as cores de sua paleta sonora, diversificar o clima das canções e abraçar novos parâmetros, The Kooks mandou muito bem. Listen é uma belezura Pop como nem sempre vejo por aí.

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BOM PARA QUEM OUVE: The Killers, Franz Ferdinand, Kasabian
ARTISTA: The Kooks

Autor:

Carioca, rubro-negro, jornalista e historiador. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Escreve sobre música e cultura pop em geral. É fã de música de verdade, feita por gente de verdade e acredita que as porradas da vida são essenciais para a arte.