Resenhas

The Mary Onettes – Hit The Waves

Terceiro disco é o que se apresenta com som mais etéreo na discografia da banda e deixa a dúvida sobre identidade da mesma

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Ano: 2013
Selo: Labrador Records
# Faixas: 10
Estilos: Dream Pop, Synthpop
Duração: 39:02
Nota: 3.0
SoundCloud: /tracks/79181754

O terceiro disco de estúdio do quarteto sueco The Mary Onettes chegou em uma hora bem propícia, combinando com o clima da estação que estamos vivendo. Hit The Waves*** é a cara do Outono. Seu som aparece como um sol entreaberto por nuvens de um tempo nublado, resultando em algo que fica entre o iluminado e animado e o introspectivo. Entretanto, surgem também dúvidas sobre qual o verdadeiro som da banda, visto as mudanças que ocorreram desde o álbum de estreia até o presente momento.

Desde seu primeiro disco, homônimo e lançado em 2007, percebemos algumas leve mudanças em sua estrutura musical, mesmo que sempre mantendo a base do Dream Pop. Se em The Mary Onettes observávamos um foco perceptivo do uso do padrão de Rock, com guitarra, baixo e bateria, como visto em Lost , Void e Slow que dava um toque meio Post Punk e muitas vezes soando como a fase inicial do New Order, em Islands esse foco perde um pouco de força e começa a sobressair o som etéreo, com influências do Rock Independente do meio dos anos 80, assim como do Synthpop. Entretanto ainda se perdurava um pouco do som do primeiro álbum.

Agora, em Hit The Waves, The Mary Onettes mergulha de vez no som oitentista, carregando bastante em camadas nebulosas e nos sintetizadores, como pode ser observado nas faixa Years, Black Sunset e a que recebe o nome do disco.

A obra abre com a bela canção Intro, uma música instrumental composta de camadas ao melhor estilo Dream Pop – suaves e nebulosas – preenchidas ao fundo pelo barulho de crianças brincando. Uma faixa que passa ao ouvinte diferentes sensações, que vão da percepção de cada um, podendo ir do saudosismo da infância até a tristeza do tempo passado e que não volta mais. Outras canções a serem ressaltadas são Blues e Cant’ Stop The Aching, que soam como The Cure da época de Kiss Me, Kiss Me Kiss Me e Desintegration, tanto na estrutura musical, com sintetizadores e cortinas de percussão, quanto na voz de Philip Ekström – que aqui remete, e muito, à de Robert Smith.

A impressão que fica é que The Mary Onettes veio buscando essa sonoridade de Hit The Waves desde sempre. Desde o primeiro disco até chegarmos a esse último, a banda foi aos poucos dando mais força a composições cadenciadas e transcendentes e preenchendo seus discos com elas. Ainda não ficou claro se o grupo busca passar por esses diferentes modelos e estruturas por gosto prórpio, ou se está ainda formando sua identidade. Talvez um quarto disco nos ajude a entender.

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BOM PARA QUEM OUVE: Lower Dens, The Cure, New Order
MARCADORES: Dream Pop, Synthpop

Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).